sábado, janeiro 31, 2009

O contrato

Gosto muito dele, gosto mesmo muito dele. Ele pode não saber mas em 2010 vamos casar, tenho a certeza. O problema é que ele tem de resolver a sua vida, a mulher e as crianças, sabes como é.

A coisa nasceu devagarinho, nem dava para adivinhar o que dali vinha. Uma relação profissional que se foi estreitanto, quando dei por mim os telefonemas e mensagens diários eram às dezenas, passamos horas ao telefone por tudo e por nada, tempos infinitos. Mas ele nada de avançar para o que é bom, eu acho que o problema dele é ser demasiado boa pessoa.

Vai daí achei que o melhor para ver se ele acordava era fazer-lhe ciúmes, podia ser que assim resultasse e ele percebesse o que anda para aqui a perder. Comecei a receber flores, telefonemas, coisas assim de um Hugo. Com vida, profissão e tudo, que nestas coisas se é para criar inventa-se tudo desde o início.

A coisa cresceu de tal forma que percebi que para o abanão final o Hugo tinha de aparecer, e não podia ser nenhum dos meus amigos, senão mais cedo ou mais tarde ele ia descobrir a marosca. Além do mais levo as coisas muito a sério, se é para fazer faço bem.

Contratei um prostituto.

1 comentário:

Alvaro_C disse...

"... Ai, a graça do amor! Já não vou trabalhar! As tuas olheiras de cansaço dão um traço bem preciso ao sorriso que preenche todo o vasto espaço. Ai, a graça do amor! Já não vou trabalhar! Meia noite e café da manhã: esse teu rosto é o meu dilema e despimo-nos à pressa para ir ao cinema. Ai, a graça do amor! Já não vou trabalhar! Todo o dia e toda a noite só suor e fantasia, quem julga que é fácil que experimente levitar sobre o Tejo: a vida é difícil, sempre foi."
Quinteto Tati