quarta-feira, dezembro 31, 2008

Onde está a D. Ester?













1127º pontinho vermelho a contar da esquerda.

quinta-feira, dezembro 25, 2008

Há algo de podre na república federada presidencial

Quando 46% das mulheres e 30% dos homens norte-americanos preferem passar duas semanas sem sexo a duas semanas sem internet. (estudo da Intel)

quarta-feira, dezembro 24, 2008

Pequeno poema bioresponsável alusivo à quadra

É Natal, é Natal
Paz, amor e luz
Só estão mal, muito mal
Todos os perús*

* e os bacalhaus também

terça-feira, dezembro 23, 2008

Direito de resposta













Daqui em resposta a isto

domingo, dezembro 21, 2008

Mais sabedorias











Não está no wisdom book, mas devia

"Já não tenho vontade de gritar contra os outros. Talvez tenha compreendido que os outros são como decidem ser e não como eu desejo que sejam. É uma coisa que tem a ver comigo como pessoa, uma pequena mudança. Como argumentista, já não me apetece escrever e pensar diálogos que depois tenho que dizer gritando contra os meus amigos."

Nanni Moretti ao Ypsilon, a propósito da mudança dos seus argumentos e personagens ao longo dos anos. Chegando agora ao Caos calmo.

sexta-feira, dezembro 19, 2008

No sapatinho da D. Ester


Interrogações

Quem terá sido a luminária da moda que massificou os blusões? E porque raio os homens portugueses acham que lhes fica bem? O que é que aconteceu ao sobretudo?

(interrogações pós compras em centro comercial, durante o lanche numa pastelaria de bairro - onde, sabe-se, os blusões são ubiquitários)

quarta-feira, dezembro 17, 2008

Percebo que estou a exagerar

quando a temperatura do meu escritório é mais alta que a do berçário de neonatologia da Maternidade Alfredo da Costa.

segunda-feira, dezembro 15, 2008

Mais pontos de vista

Já tinha aproveitado o assunto para fazer umas graçolas sobre o tema. Mas parece que voltou à ordem do dia, e D. Ester sempre atenta, entre a manicure e a depiladora, consegue dar o seu ponto de vista sobre o assunto.

A Jonasnuts decompôs a origem da história, a Joana Lopes comentou-a e eu debruçar-me-ei agora sobre as conclusões de um estudo sobre blogosfera que podem ser lidas aqui.

Como podem verificar pelo que a Jonas escreveu, a amostra de bloggers foi recolhida através dos links e comentários de um único blog, o que introduz aquilo que se chama viés num estudo. Ou seja, não se consegue ter uma amostra representativa da população que se pretende caracterizar (no caso os bloggers do Minho) apenas pelos que têm afinidades com uma pessoa só - a não ser que se parta do pressuposto que TODOS os bloggers do Minho estão linkados no dito blog e comentaram nos seus posts, em especial onde se discute esse tema transversal "petição pelo regresso do eléctrico".

Dado que as autoras do estudo se deram conta que não tinham base estatisticamente significativa, chamaram-lhe "um olhar sobre a realidade do Minho", advertendo que pretendem um contributo inicial para o estudo geográfico da blogosfera.


Podem ler-se nas considerações finais:

- Apesar das potencialidades que a blogosfera apresenta para a afirmação das vozes femininas, uma vez que este é um mecanismo de auto-edição, ainda se verifica um baixo nível de participação das mulheres a nível regional.
- O ponto de partida para esta análise é um blogue de um homem, com um forte pendor de intervenção regional, o que poderá deixar de fora do blogroll do ‘Avenida Central’ os blogues com outros centros de interesse, onde eventualmente a presença feminina seja mais numerosa

Pois, às tantas as bloggers minhotas interessam-se mais por temas nacionais.

Em relação às questões que os autores creem levantar com este estudo preliminar acontece uma coisa espantosa; em vez de se falar das mulheres do Minho extrapolam-se os resultados para a realidade nacional:

– Será que as mulheres estão afastadas da blogosfera ou alguns blogues assinados por homens conseguem maior destaque, mesmo nos meios de comunicação tradicionais, criando a ideia de que elas são menos activas no ciberespaço?

Em menos de 5 minutos consultei o top de blogues mais lidos em Portugal, aqui. Não conhecia todos os blogues, mas fui ver quantos deles eram escritos, no todo ou em parte por mulheres. E não é que 12 dos 25 listados entravam nessa categoria? Reparem, fui à fonte de blogues mais lidos de todos, sem vieses de temas. E encontrei 48% de participação feminina na blogosfera. Há coisas incríveis, bem sei.






– Será que os blogues de mulheres se concentram, de facto, em determinadas áreas tradicionalmente conotadas com a esfera feminina ou são os espaços dedicados a outras temáticas que não são (re)conhecidos?


É contar e catalogar: dos 9 que podem ser considerados de intervenção, 4 contam com mulheres na equipe. E entre os que falam de temas menos, hum, prementes, temos o wrestling galaxia a par e passo com o blog de artesanato. E Deus criou a mulher por oposição a crianças, jovens e adolescentes. A escolha é variada.

– Será correcto falar de blogues femininos e masculinos? Porque é que muitas escondem a sua ‘verdadeira identidade’ sob a capa de nicknames?


Verdadeira identidade entre aspas porquê? Pelo que leio, tanto homens como mulheres usam nicknames para assinar o que escrevem e o que comentam. Por uma razão muito simples: privacidade. E assim de cabeça, lembro-me de tantas mulheres como homens que assinam com nome e apelido. Entre as quais duas das autoras do estudo, que também blogam assumidamente. Mas não pretendo que os meus conhecimentos blogosféricos sejam representativos da realidade, haveria que fazer um levantamento completo. Decerto seria surpreendente para algumas pessoas.

– Será que a blogosfera está a funcionar como um mecanismo de reprodução dos estereótipos que foram sedimentados durante séculos? Ou poderemos encarar os blogues como ferramentas que estão a operar uma mudança social?

(coço a cabeça atrás da nuca antes de dar o meu modesto contributo a esta) Não sei de que estereotipos falam, tenho dificuldade em entender sequer a questão. Nos blogues as mulheres trabalham mais? Dedicam-lhes mais tempo? Ou será que tratam melhor os seus comentadores, são mais afáveis e simpáticas? São mais interessadas pelas questões educativas, usando os seus blogues como veículos de tradução da realidade?


Eu tinha achado o estudo divertido, engraçado, despretensioso, com vontade de integrar contributos para aumentar e melhorar o seu alvo, tornando-o eventualmente uma referência interessante. No entanto, ao fim da segunda apresentação pública sem revisão dos seus princípios e continuando a responder em tom jocoso às pessoas que questionam as suas bases não é uma forma séria de fazer aquilo que se propoem - ciência. Pronto, ciência social, mas ainda assim.

Parece-me que este é um terreno fértil para se fazerem inúmeros estudos e observatórios, mas uma coisa que se pede é seriedade para que possam ser levados em conta. Uma coisa que as autoras deste estudo estarão a descobrir com surpresa e agrado é que há muitas mulheres (não somos minhotas é certo, mas ainda assim) que têm voz e vontade de intervir - tal como elas parecem ter. Mas não basta ter boa vontade e fazer uns estudos por alto. De qualquer forma, com a visibilidade que estamos a ajudar a que tenham seguramente poderão prosseguir o estudo.

domingo, dezembro 14, 2008

Violência doméstica

Now I sit by my window
And I watch the cars
I fear I'll do some damage
One fine day
But I would not be convicted
By a jury of my peers
Still crazy after all these years

Não é por ele ser sportinguista, nem tem cachecol ou cartão do clube para chatear. Não foi por ele ter dito que preferia que o Leixões ganhasse para ir à final com o Porto. Nem me passei quando ele disse gostar que o jogo fosse a prolongamento, para ver mais futebol num sábado à noite, nem quando vaticinou que se ia resolver o encontro em grandes penalidades. Nem mesmo quando o Nuno Gomes pediu cartão e ele sorriu dizendo "já vais ter o penalti que pedes, cinco até", respirei fundo e acreditei sempre no meu clube do coração. À décima tentativa de golo, quando o Reyes de camisola interior por baixo do equipamento se aproximou da grande área com a bola e ele previu que ele a ia falhar, e de facto o fez, Sr. Dr. Juiz, uma mulher não é de ferro, atirei-me a ele como uma águia sobre a sua presa e deixei-o no estado em que o encontraram. O senhor não teria feito o mesmo?

sábado, dezembro 13, 2008

A pin-up

God gave me the talent to pose for pictures and it seems to make people happy. That can't be a bad thing, can it?



Morreu Bettie Page, aos 85 anos.

Depois de ter experimentado ser professora primária e secretária, descobriu que podia ganhar muito mais dinheiro como modelo fotográfica. Um dos primeiros conselhos que lhe deram foi de tapar a enorme testa, e assim o cabelo pelos ombros e a franjinha tornaram-se a sua marca.




Deixou puritanos em alvoroço ao fazer furor com as suas imagens fetichistas, com bondage e sado masoquismo com outras meninas. O que hoje pode ser visto como inocente e inconsequente, na altura foi um marco na assunção da sexualidade feminina, de poder íntimo e liberdade absoluta. Usando o pretexto de ter inspirado sessões de imobilização que levaram à morte de um rapaz, chegou a ser intimada por um comité do Congresso dos EUA, promovido pelo Subcomité de delinquencia juvenil. Ela acabou por não aparecer e conseguiram cozinhar uma ordem judicial para destruir os negativos e todas as cópias das suas fotografias, apesar de algumas terem sido salvas para serem apreciadas ainda hoje.



A partir dos anos 80 a sua imagem foi repescada e reproduzida por todo o lado, já em 2005 fizeram o filme com a sua história de vida - que hoje acabou.




Vai ficar para sempre como a pin up morena de franjinha. Para quem se interroga sobre como envelhece um ícone, Bettie Page aos 80 - a cor do cabelo mudou, mas o corte manteve-se, bem como o sorriso.


Para mais, há a
wikipedia e a sua página oficial.

sexta-feira, dezembro 12, 2008

Fomos roubados

Apanho a Adelaide Ferreira a cantar o clássico papel principal na televisão, com o mesmo fulgor de há vinte anos (uma grande candidata ao galardão de melhor dor de corno, com pontos acrescidos pela persistência). Ando há anos a dizer que a nossa diva e o seu ícone foram roubados pelo Carlos Santana. Ora oiçam se não é tal e qual.

(a nossa é de 1986, a dele de 1999)


Armagedão





cortada daqui

Parada numa rotunda vejo que estão a pôr um novo outdoor de lingerie, deve ser outro da triumph digo aos meus botões curiosos. Enquanto espero que deixem de passar carros para continuar a minha viagem olho melhor e decido que afinal não, aquelas mamas são mais pequenas que as da Cláudia Vieira.
Em que raio de mundo estamos que até eu já conheço as modelos pelas copas dos soutiens?

quinta-feira, dezembro 11, 2008

Citius, altius, fortis

Depois da mais bonita música de amor, lanço agora a mais avassaladora canção de dor de corno. Apesar da Maria Bethania ser pródiga no tema, deste lado do Atlântico também não estamos mal servidos.

Na casa de banho

A propósito deste post, o desabafo do jornalista nos amigos de alex

- Na minha revista temos uma única regra editorial, não podemos escrever nada que uma pessoa normal não consiga ler durante o tempo de uma cagadela. Estou farto que todo o meu trabalho seja lido na casa de banho.
- Há quem leia Dostoievski na retrete.
- Sim, mas não o conseguem acabar.

quarta-feira, dezembro 10, 2008

Ignorante

Quero escrever "cocó" num sms mas o dicionário não conhece a palavra. Propõe como alternativas bobo, amam, bobó, anão, côco, aman, ambo, anco, coam. Como grande educadora do povo e dos telemóveis portugueses aumento-lhe o léxico, depois de ter ponderado a alternativa "merda" - como bom estrangeiro foi das primeira que aprendeu.

Como se nada fosse II

No consultório do ginecologista,

- Está tudo bem consigo? E o Francisco, começaram a pensar em ter bebés?
- Ahm, eu já não estou com o Francisco, agora estou com o Manuel. Não vinha cá há algum tempo.
- Ah, está bem

Retira um bocado de autocolante dos cantos das vinhetas, cola em cima do que tinha escrito na ficha, e de caneta em riste pergunta impávido

- Manuel quê?

Como se nada fosse I

À mesa de jantar com o meu sobrinho de 8 anos,

- Hoje a Madalena deixou-me um bilhete a dizer que gosta de mim e quer ser a minha namorada
- E tu o que fizeste?
- Nada, continuei com a minha vida.

sábado, dezembro 06, 2008

Editora por um dia - as minhas horas de contemplação

O Miguel Marujo desafiou a uma série de mulheres bloggers, entre as quais yours truly, para escolhermos 10 imagens de 10 mulheres para o seu E Deus criou a mulher.

Que mulheres gostaria eu de contemplar, foi a pergunta que me pus para lhe poder responder (e aos seus leitores que apreciam os corpos e as caras das que por lá se passeiam, uma espécie de parede de quarto adolescente com os objectos de desejo em volta da cama de pessoa só transmutado em ecran de pc). Fiz uma viagem pelas mulheres da minha vida, das que desejei ser, as que invejei, as que me prenderam a retina até hoje. Depois de lhe ter enviado as escolhas e os motivos comecei a descobrir em mim pedaços delas que fui incorporando sem me dar conta, na minha maneira de andar na rua, de me sentar, de me relacionar com os outros, e nas roupas que escolho. Um processo divertido de auto-conhecimento, que não posso deixar de lhe agradecer, uma espécie de viagem pela minha memória cinematográfica. Chamei-lhe "as mulheres que desejei ser".

Como todas as raparigas, a primeira mulher que desejei ser foi a minha mãe. Bonita, elegante, com uma cabeleira comprida e ondulada na qual enfiava rolos e esperava que secasse com um dispositivo espacial, uma touca de fibra que se enchia de ar quente quando se ligava o secador na ponta. De alguns ângulos fazia lembrar a Jacqueline Bisset.
















Jacqueline Bisset

Passei a infância toda a ouvir dizer quanto a minha irmã mais velha se parecia com a Liv Ullmann. Ainda que aparecesse em filmes que eu tinha dificuldade em seguir, fiquei sempre a pensar a quem me assemelharia eu. Como não era com nenhuma, dediquei-me a desejar ser algumas das que povoaram os meus olhos, as princesas de carne e osso fora dos livros de contos.















Liv Ullmann, a segurar a cabeça da Bibi Andersson


Como só havia dois canais na televisão e havia poucos programas a passar, davam imensos filmes. Sorte a minha. Vi todos os grandes musicais americanos em casa, e sonhava um dia poder entrar por eles adentro, ainda que fosse para ser um cabide de pé alto nas mãos do Fred Astaire. Um dos meus preferidos de sempre é o Gigi, com a Leslie Caron como menina desastrada, com a elegância nas pontas dos membros a desconstruir a imagem de miúda provocadora e fugidia. O vestido da última cena, em que se transforma em mulher de sociedade, desejada por todos os homens e odiada pelas mulheres, ainda há de ser meu.




















A Cyd Charisse, com os números mudos na Serenata à chuva pôs em duas pernadas a bem comportadinha Debbie Reynolds a um canto. O curto vestido verde a deixar ver as pernas mais bonitas do cinema, numa dança lânguida com o homem com quem sempre desejei casar, fizeram dela a primeira sex symbol que me tocou. Provocadora, teaser, sem lhe dar o que ele queria – apenas a possibilidade de algo que nunca se concretizaria. Depois num sonho de véu branco, descalça e de tiara contrapunha-se como suprasumo do bom gosto e vulnerabilidade entregue.













Cyd Charisse



Com o Let's make love fiz as pazes com a Marilyn, que depois de ser sempre a idiota loira, que para minha raiva garantia que os homens as preferiam às morenas, se salvou entrando em cena de collants pretos e uma grossa camisola de lã clara. Deixou-me a mim e ao Yves Montand de boca aberta, ao encolher os ombros e a bambolear-se enquanto garantia que o pai era you know, the proprietaire.
















Marilyn Monroe


Num dos vários álbuns de cinema que havia em casa havia duas imagens em que sempre parava horas de contemplação. Uma a da Cyd Charisse de véu, outra a Jane Fonda de Barbarella com o anjo cego a abraçá-la. O look dominatrix espacial, guerreira protegida por um loiro com penteadinho de acólito, com asas verdadeiras e por isso sem risco de derreter com o calor da cena.


















As mulheres de Hitchcook eram todas bonitas, mas que apenas actuavam por reacção ao que se passava à sua volta. Até que vi o To catch a thief, onde Grace Kelly brilhava em todo o seu esplendor, carregando a solução do mistério que apenas ela conhecia. A cara doce contradizia o modo como guiava por Monte Carlo fora, assustando o intrépido Cary Grant e mostrando-lhe quem tinha o protagonismo do filme. Por causa dela apropriei-me de uns óculos escuros vintage, e passeava-me de echarpe sobre os cabelos e ar misterioso, cultivando um aspecto distante e a enganar quem me queria julgar pela inocência da minha aparência.




















A Claudia Cardinale estava magnífica no vestido branco que levou ao baile no Gattopardo. E como enfermeira no 8 e 1/2. Mas foi no Soliti ignoti, jóia escondida atrás de portas trancadas, que mais a gostei de encontrar – até porque a vi inúmeras vezes, enquanto me ria com os disparates dos maltrapilhos das ruas de Roma.













A Monica Vitti, com a sua voz rouca e arrastada, e um subtexto de mulher irascível que eu já suponha ter em mim, fazia parte do pato com laranja que levantou tanta polémica ao ser passado na RTP nessa altura. Quando a descobri como Modesty Blaise, uma das minhas heroínas preferidas, conquistou-me definitivamente.


















Mas de todas as mulheres do cinema, a que mais desejei ser em absoluto foi a Joanne Woodward. A cena em que a vi mais sensual foi no Paris blues, a vestir-se deixando o trompetista abandonado na cama, com um corpete preto como nunca consegui encontrar para igualar a imagem inesquecível. This romance is doomed, diz-lhe ele, you wake up too early. Para além de bonita e talentosa a rodos, a primeira pessoa a ter uma estrela no Hollywod Walk of Fame, com ar inteligente e de felicidade serena, foi casada durante mais de 50 anos com o homem mais bonito que Deus criou.
















Joanne Woodward com Paul Newman

sexta-feira, dezembro 05, 2008

Más notícias para o HIV

O vírus da imunodeficiência adquirida é tramado. Entra no corpo de uma pessoa e vai direitinho para os glóbulos brancos, para uma linha de linfócitos chamados CD4+ - os helper, para os amigos. Uma vez lá dentro liberta o seu genoma que vai ser incluido no genoma desses linfócitos e usar toda a sua maquinaria genética e proteica para se multiplicar e dar novos vírus, que vão continuar o ciclo infectando novos CD4.

Os linfócitos helper, ou auxiliares, têm funções peculiares na defesa imunitária dos indivíduos. Não matam nada, mas ajudam a fazê-lo. Quando identificam células estranhas ou infectadas por vírus ou bactérias chamam as demais para fazer o trabalho sujo por si. Ora, se estiverem carregadinhas de HIV não conseguem cumprir as suas funções, o que faz com que as pessoas que passam de seropositivas (uma leve carga de HIV que não ataca de forma ostensiva os linfócitos) a doentes (com HIV capaz de invadir um grande número de CD4, eliminando-os) não sejam capazes de combater coisas tão simples como um vírus da gripe ou uma caganeira por excesso de E. coli - e é assim que a SIDA, doença cobarde, não mata mas mói o suficiente para nos deixar quinar com uma constipação.


















Os medicamentos usados no combate ao HIV usam vários mecanismos de acção:

1. Impedir que o genoma do vírus seja introduzido no dos linfócitos, usando para isso um inibidor da enzima transcriptase inversa. O HIV em vez de DNA tem RNA, e o primeiro passo para o seu ciclo de infecção uma vez dentro das células é passar então o RNA a DNA com a enzima transcriptase inversa - se inibida o vírus não consegue continuar o ciclo.

2. Inibidores de proteases, enzimas que o HIV usa para tratar as proteínas sintetizadas pelo hospedeiro para fazerem os novos vírus

3. Inibidores da integrase, enzimas usadas para enfiar o DNA viral no nosso

4. Inibidores da fusão, que impedem que o vírus entre nos linfócitos alvo

Normalmente usam-se vários destes fármacos, para que a sua combinação permita que se impeça de forma mais eficaz a entrada e/ou replicação do vírus.

Já há algum tempo se sabe que há pessoas infectadas com o HIV e que nunca desenvolvem a doença, sem sequer precisarem destes fármacos, são apenas 0.2% da população infectada e mereceram por isso toda e a melhor atenção dos investigadore na área. Hoje sabe-se porquê, o que abre as portas para uma melhor terapia e, quem sabe, uma vacina.

Para além dos linfócitos helper, os CD4, temos também os que matam células sinalizadas como infectadas - chamam-se por isso citotóxicos, CD8 em sigla menos amigável. Qualquer seropositivo tem CD8 capazes de matar os CD4 infectados com o HIV, mas algures no caminho deixam de ser capazes de o fazer. Acontece que nesses afortunados 0.2% os CD8 não deixam de cumprir as suas funções, conseguindo assim manter como raridade de museu os CD4 infectados, sem no entanto os eliminar completamente. Ainda não se sabe porquê, mas fica-se a saber que a resposta pode estar a um CD8 de distância.

A mais bonita, mesmo a mais bonita, não é como a tua mãe, é daquelas assim tão bonitas que até hum... sabes quais é que são?

As músicas de amor mais bonitas, ora aqui está uma ideia repetida e multiplicada para a qual dou de bom grado o meu contributo.

O meu coração tem mais quartos que um bordel, numa das suites está confortável com o seu piano que andou a beber o Tom Waits. I hope that I don't fall in love with you.

O Charles Aznavour a repetir you are the one for me, for me, for me, formidable com a minha família inteira, o meu tio a fazer-me rodopiar no meio da sala.

Qualquer uma do Frank Sinatra, mas a minha preferida é at the sands fly me to the moon. This man here is gonna take me by the hand and lead me down the right path to righteousness and all that other mother jazz, in the right tempo.

Se me olvidó que te olvidé, versão Bebo e Cigala, para momentos nostálgicos.

A voz do Cohen seduz qualquer uma, a declaração de quão meu homem quer ser deixa-me sem resposta possível. Mas que queira dançar até ao fim do amor, ninguém pode recusar. Dance me very tender and dance me very long.

Para acabar, fica a pirosada divertida da Mina e o Celentano, a coppia piu' bella del mondo.

No dia dos meus anos

No dia dos meus anos recebi telefonemas a partir da meia noite, parabéns e beijos nas diferentes formas e feitios, o afecto que me têm. Recebi retratos do meu alter ego















E do meu eu nas férias do verão, de dias em que fui feliz através dos teus olhos














Tirei fotografias com a família, as minhas mãos e as do meu pai a distinguirem-se apenas pelo tamanho. Parecemos inventados por um ilustrador sem imaginação, diferenciando as raparigas pelo laçarote em cima do cabelo e os pais por serem maiores que os filhos, de resto iguais, para que as crianças percebam que a família se vê no corpo mesmo quando se muda o género.
Os desenhos do meu sobrinho já com árvores de natal e presentes com embrulhos coloridos, um coelho vestido de pai natal e um gato a trazer-me um bolo de velas acesas. Estas várias identidades em que me desdobro, para cada um sou coisas diferentes e com cada um toco uma ou mais cordas da guitarra portuguesa que existe algures entre o pâncreas, o fígado e o hipotálamo.
Já em casa visto a camisa de noite de seda preta que a minha irmã escolheu para mim, sob o manto diáfano da fantasia a nudez forte da verdade, o realismo do século XXI espelhado na porta do armário.
Fui para a cama com um livro novo, aborreço-me com a prosa académica com pretensões a literatura, adormeço de lado em cima das páginas abertas e acordo sobressaltada com os meus roncos. Tu a leres impávido ao meu lado, confirmas que sim, ressono, eu culpo o escritor e continuo a dormir, para te encontrar esta manhã, com os pés nos meus tornozelos e encher-te de beijos enquanto não abrimos os olhos, parecemos dois cachorros recém nascidos enquanto não saltamos para o frio do dia entre torradas e café, e mesmo assim.
Enquanto espero que me atendam numa loja vejo-me ao espelho e começo a descobrir dobras que ali não estavam ontem, encolho o queixo para ver as pregas que aparecem no pescoço e penso nas rugas que me vão começar a saltar não tarda. Os retratos vão ficando a lembrar os telefonemas, o afecto, os parabéns, o presente que vai ser passado em menos de um fósforo.

terça-feira, dezembro 02, 2008

Educação

Li algures que a Katie Holmes e o seu batalhão de empregados estão proibidos de aplicar castigos físicos ou psicológicos à filha de dois anos, porque a religião do Tom Cruise não o permite.
Faz-me lembrar uma rapariga que trabalhou lá em casa, e que tentava chamar à razão o nosso castro laboreiro que comia dobermen ao pequeno almoço, apoiando as mãos nos joelhos para baixar a cara à altura do focinho e repetindo enquanto revirava os olhos "escuta thor, escuta o que eu tenho para te dizer". A Gisela deve ser mentora do cientologistas na sua aldeia.

segunda-feira, dezembro 01, 2008

Modernices

Ainda sol pela janela e já me chove a cântaros no correio electrónico, com umas gotas gordas aterradas em cima de cada mensagem impermeabilizada à água virtual. Esta versão moderna e tecnológica do galo de barcelos que dá o tempo do gmail começa a enevar-me.

Solidariedade - nº 3569

A propósito do congresso do PCP que hoje acaba, começaram a relembrar piadas sobre os países para lá da cortina de ferro, tão velhas que fariam as pessoas rir só pela referência ao número pela qual eram conhecidas. Algumas pessoas não acharam graça, o que me fez relembrar uma que me contaram de pequena e que demorei anos a entender o motivo de risota. Agora que o sei, apenas me posso congratular por ter passado tanto tempo sem perceber porquê.


Na escola um professor pede aos meninos que elenquem os animais que voem. Um levanta o braço e responde "crocodilo"
- Mas que grande disparate, quem é que te disse que os crocodilos voam?
- O meu pai
- E o que é que faz o teu pai?
- É da KGB. Os crocodilos não voam sr. professor?
- Voam. Voam muito baixinho, mas voam