terça-feira, fevereiro 24, 2009

D. Ester no baile

Proposta para este entrudo: ir a Entradas. Ao entrudanças. Com medo que não me deixassem entrar pela ausência de saias indianas e sandálias de cabedal no meu armário, parti para o Alentejo com o sol quente de domingo. Ao chegar estendi o pulso para me porem a anilha colorida que me dava acesso às actividades, descobri que afinal é um clube que deixa entrar pessoas como eu. De alguma forma isso não foi suficiente para me tranquilizar.

Depois de um bucólico passeio entre ovelhas e comido o prometido ensopado de borrego, devia sentir-me uma besta ao conseguir apreciar os béeeeeee da mesma forma que desencastro os bocados de carne do osso para os saborear, mas não. Decididamente não serei nunca uma vegan, o que de novo me deixou apreensiva, seria desta que me expulsariam do recinto?

Vi violas de campaniça a serem feitas, ponderei encomendar botas caneleiras feitas por medida, comprei brincos e pregadeiras freak à ganância, pensei que estava a conquistar a redenção que me permitiria ver a luz.

Nessa noite assistimos à performance "Memórias do entrudo em entradas", resultado de uma pesquisa dos costumes carnavelescos e da vida quotidiana dos tempos em que havia camponesas e lavadeiras. Mais de meia hora antes a sala já estava cheia dos habitantes da aldeia, curiosos para verem finalmente o video que os meninos da cidade andaram a produzir com a sua ajuda, apoio e protagonismo. O filme feito a partir de fotografias valeu a viagem, montagem com a terra e as gentes, entre caras bonitas e caretas de carnaval, para além do entrudo ele mesmo que acabou a noite a ser queimado ao ar livre, numa pira que haveria de durar toda a noite.

Seguiu-se um baile com danças italianas e francesas, que eu não sabia de todo como dançar. Mas com Deus como minha testemunha, I shall never be still again. No dia seguinte atirei-me como D. Ester às oficinas de dança.

Com o meu par lá fomos aprender valsas, mazurcas, polkas, fandangos e o que mais nos saiu do corpo. Para romper com a ideia quadradinha de se ficar agarrado à tábua de salvação de uma cara conhecida, o professor punha-nos a mudarmos de parceiro a meio das danças. Diverti-me imenso, a passear por braços de dezenas de homens diferentes, cada um reinventando o que tínhamos acabado de aprender ao seu modo e eu a tentar acompanhá-los da melhor maneira que conseguia. À noite atirei-me então sem dramas às músicas que me propunham, com o par que me calhasse em sorte.

Descobri um sítio e espaço onde o que interessa é a boa disposição e a vontade de estar bem consigo e com os outros. Além do mais, promessas são para serem cumpridas.

3 comentários:

Anónimo disse...

Vim á procura do “post” e a D. Ester não me desiludiu…falou do Baile!
Pelos visto gostou! ainda bem!

Este blog tem vírus, abre-me uma janela não sei para onde!

Ass. O Irmão das outras!

D. Ester disse...

gostei pois, dançar assim faz bem à alma e ao corpo. Outra das coisas que gostei foi ver tanta gente a dançar com todo o tipo de par, trio ou grupo. Just facing the music and dancing.

O blog não tem vírus, há é um popup que salta derivado a algum geek informático ter achado que esta tasca tinha gente suficiente para ser bombardeada com pubicidade. Não sei como tirar...

sem-se-ver disse...

e lá lhe deixei no meu blog um desafio-corrente, enfim... isso!

(se achar piada, claro...)