terça-feira, junho 30, 2009

Em forma de assim

Há uns tempos a minha velhíssima avó foi parar ao hospital com uma hemorragia do caraças. Eu e os meus primos lá fomos a correr, para o que fosse preciso. O meu tio mais novo, em completa negação da orfandade iminente, tentou traquilizar-nos (se?) dizendo que as pessoas não morriam assim de um momento para o outro.

Ficámos sem palavras para lhe explicar que é exactamente assim que se passa. Num momento estamos cá e noutro, às vezes sem um pré-aviso sequer, pumbas já era.

Nesta semana foi a Farraw, depois de anos de doença, o Michael, pumbas, e agora a Pina Bausch - 5 dias depois do diagnóstico.

Eu cheia de vida dentro de mim, só me apetece gritar take me away from all this death. A ver se há um drácula que me valha.

segunda-feira, junho 29, 2009

Ser mulher é

numa pausa entre a correcção do capítulo 5 e 6 da tese, ir à casa de banho pintar as unhas dos pés.

sábado, junho 27, 2009

PYT

Do Thriller esta era uma das minhas preferidas. Tinha a certeza que a cantava só para mim de cada vez que a agulha do pick-up passava pela faixa 8, lado B.

Com ele aprendi o que significa TLC - tender love and care. Nunca lhe fizeram um vídeo, o que é a prova definitiva de que era a única destinatária desta letra e música.




A sua música e dança, a provarem a imortalidade do génio.

sexta-feira, junho 26, 2009

It's Charlie, Angel. Time to go to work

Adorava esta série. Desejava ardentemente ser tão elegante e perfeitinha como a Jaclyn Smith, e detestava a beleza loira inatingível da Farraw Fawcett e o seu penteado à Margarida Marante. A Kate Jackson não me parecia concorrência difícil. (competitiva a menina, heim?)



Para além do Michael Jackson, ainda me estou a recompôr do choque, ontem também morreu a Farraw. Tinha 62 anos e um cancro do cólon.

sexta-feira, junho 19, 2009

Ele

Um dia comecei a senti-lo. Primeiro tímido, um safanãozinho por dentro da barriga. Depois mais uns quantos, como se fosse um hamster às voltas numa roda de plástico. Habituei-me a esses sinais de vida que vão aumentando de intensidade, a sua prova de existência diária.

Ainda estamos em estado de graça um com o outro, não me chateia nem me pesa demasiado. Ando toda inchada mas apenas de orgulho pela quantidade de vezes por dia que oiço quão bonita me faz esta gravidez, mais porque de facto o sinto. Sinto-me bonita e atraente, feminina e elegante, com uma barriga orgulhosa e um sorriso que o demonstra.

Deitada no sofá enroscada com o autor da sua existência com a mão na minha barriga, sentiram-se pai e filho. A ateíssima trindade começou.

quarta-feira, junho 10, 2009

As aulas

Apresento-me nas aulas de hidroginástica, visto-me no balneário e descubro que tenho de fugir com os olhos dos espelhos para evitar a visão ridícula das minhas curvas enfiadas naquele fato de banho demodé, acompanhado da espartilhante touca e andar à pinguim que já me começa a despontar dos tornozelos.

Sigo as restantes barrigudas pela piscina fora, como uma ave migratória a reconhecer caminho, com paragem no duche, e entro na pista que nos é destinada. Há que nadar só com braços ou só com pernas de um lado para o outro agarradas a um chouriço flutuante de cor garrida, depois das primeiras voltas em que sinto os músculos a funcionar começa a assaltar-me o síndrome barco a remos no campo grande, de vez em quando ultrapassada por uma austríaca que anda na bisga bem como, oh humilhação, uma que já está quase no termo mas que pelos vistos tem os bicepes em forma.

Olho com o desespero de uma naufraga em volta da piscina, à procura dos giraços que costumam salpicar os bons ginásios. É sabido que as pessoas se esforçam mais na presença de elementos do sexo oposto com aspecto lavado e atraente. Mas nada. Nem mulheres nem homens, apenas um gebo que deve ter passado há pouco dos 18 anos a fazer de vigilante das pistas onde estamos as grávidas com uma sensaborona quarentona a repetir "e vai", e dois ou três utilizadores livres que já gozam há bastante do desconto da terceira idade e a quem vejo com mais frequência agarrados à borda a ganhar fôlego que outra coisa.

No fim da aula sigo a austríaca, ave líder do bando, vou baralhada pelo cansaço e sigo-a para dentro de uma casa de banho em vez do balneário. Desculpo-me como consigo, ainda me resta um pouco de voz, lavo-me, visto-me e arrasto-me dali para fora.

Comeria um boi se tivesse forças nos braços para levantar o garfo e a faca, mesmo na ausência de Adonis parece que a ginástica faz efeito. Pelo sim pelo não deixo a minha recomendação no clube. É um borracho para a pista do canto, se faz favor - tenho uma austríaca para ultrapassar.

terça-feira, junho 02, 2009

Já sereia não sou!

Comprei um fato de banho modelo tia-avó que nada bruços de cabeça de fora como os perdigueiros para não estragar a mise.

Experimentei-o e fiz a asneira de me olhar ao espelho, transformei-me numa visão dantesca de mulher disforme, com as curvas todas apertadas numa malha de nylon espartilhante e anti-sensual.

- Querido, fico horrível com o modelo novo

- Óptimo. Para gira já bastam os outros.


(nota mental: nunca deixá-lo apanhar-me viva com esta porcaria agarrada à pele)