sábado, novembro 21, 2009

MILF

Neste verão o meu sobrinho ao ver as minhas amigas à beira mar porque é que as mães são todas gordas?

Ainda pensei explicar-lhe o conceito MILF e como eu conto entrar nele o mais breve possível. Mas considerando que ele ainda não chegou a uma idade de dois digitos e acha beijos com língua uma nojeira dos filmes, achei prudente evitar a conversa.

Ao passear-me na minha hora de liberdade pelas ruas dos quarteirões deste bairro fui piropeada por um adolescente - o que para uma velhota de 35 anos é um elogio do caneco. O pior foi a frase que ele escolheu para me mimosear. Eh lá, belas maminhas a uma mulher a amamentar convenhamos que dá vontade de responder my son's thoughts exactly.

domingo, novembro 15, 2009

Twilight zone

Fenómenos estranhos que se dão com a chegada de crianças a uma casa. Os pais passam a ver e ouvir muito menos, as mães muito mais.

quarta-feira, novembro 11, 2009

Me, te, se

Porque raio se usa o pronome reflexo pendurado nos verbos das crianças, como se houvesse uma conspiração dos infantes contra as suas progenitoras e uma intencionalidade malévola na acção?

Dou por mim a dizer disparates como "ele dormiu-me" ou "ele faz-me". Se me descuido um dia acordo e estou a vestir roupa de andar por casa, calçar chinelos e resmungar uns ai a minha vida pelos cantos, nos intervalos de comentar a meteorologia com as vizinhas e de reclamar que o almoço é servido à uma. Em ponto.

terça-feira, novembro 10, 2009

O melhor do mundo

Ontem precisava de ovos e de desopilar, dei o meu passeio higiénico pelo sapateiro, correios e banco deixando a criança nos braços do pai. Estou de tal forma aparvalhada que entrei num supermercado de bairro com dois corredores e fiquei de boca aberta com as formas e as cores das embalagens nas prateleiras, isto é tão giro que saudades tinha de vir às compras, pensei.

De facto,

Obrigada Shyz

domingo, novembro 08, 2009

New blue eyes

Depois de semanas de contracções e mau estar, em quatro horas apenas o miúdo resolveu a questão. Tive tempo para tudo, para as dores de alucinar e pensar que perdia o juízo, para a salvação terrena da epidural (por um triz não beijei o anestesista de gratidão), para o empurra empurra com o progenitor a ajudar, até chegar à sensação mais bonita que me foi dada até hoje - a do meu filho sair-me de dentro.

Puseram-mo em cima da barriga para o bonding mas esqueceram-se de mo virar de frente, queriam à força que me apaixonasse por uma nuca. Tive de gritar que não o conseguia ver para que o enfermeiro tivesse dó de mim e aí sim, ficámos os dois a olhar um para o outro, com que então és tu era o que se lia em cada um de nós. Tirámo-nos as medidas para termos a certeza de que não nos trocavam na maternidade (eu feliz por ele ter uma grande marca na testa para facilitar o processo), enquanto o pai lhe dava a independência cortando o cordão umbilical (nada me tira da cabeça que o miudinho vai usar esse argumento para lhe sacar o carro para andar pelas naites quando chegar a hora).

Agora andamos a conhecer-nos. Há dias mais fáceis que outros - hoje está como um santo a sorrir na alcofa enquanto dorme, faz apenas uns barulhinhos que me faziam saltar da cama para ver se era uma macueca mas aos quais já me habituei. Tem um ar feliz assim.

Noutras alturas chora desalmadamente e eu não sei que lhe hei-de fazer, tenho de ir por tentativa e erro e nem assim acerto. Rendo-me, ficando com ele no colo a embalar até que se acalme ou desista.

Ainda temos muito a aprender um com o outro. Como todas as mães neofitas tenho medo de fazer asneiras e mortifico-me quando acho que alguma coisa não correu bem e a culpa foi da minha aselhice. Para me consolar dizem-me que o quer que faça vai ser sempre pouco aos seus olhos adolescentes. Encolho os ombros e penso nos seus olhos de adulto inteligente e sensato. Mas o melhor mesmo é poder ficar horas a contemplar o fabuloso azul cor do mar em dia chuvoso que tem agora. Para a semana logo se vê se mudam de cor.