sexta-feira, setembro 05, 2008

Vermes de creme de emplastro à base de idiotices*

Depois de um dia nojento de trabalho, em que mais uma vez tive de andar a morder as canelas às pessoas para que coisas que aproveitam à sua instituição aconteçam através de mim, já tenho os dentes cheios de pêlos nojentos e merdosos de tanto trincar pernas alheias, ainda tenho de andar a pedinchar que me aceitem candidaturas fora do prazo porque suas excelências têm mais que fazer que estar disponíveis para assinar os papéis de responsabilização administrativa, quando consigo entregar in extremis documentos para que sigam com a data do correio de hoje. Decido presentear-me com um chocolate, que necessito de mimo comestível tal é a desmesura da minha perda de motivação e alento para prosseguir com um trabalho duro, solitário e aguerrido, quando dou por mim a pagar um olho da cara por um crunch, já devia saber que no aeroporto de Lisboa cobram preços acima do peso do ouro por qualquer caganita de cabra que se queira consumir, com isto passaram os quinze minutos do parque, arrota mais um euro e meio para sair dali, dou com uma bicha que vem desde a rotunda do relógio até ao interior do parque. Abro o chocolate, parto um quadrado apenas para o encontrar já mole e agarradiço aos dedos, raios me partam se volto a comprar esta porcaria, ainda tenho de lutar pelo meu lugar na saída do parque, estes chicos espertos dos tugas precisam de cartazes para os obrigar a ser cívicos e deixarem passar um de cada lado à vez, senão é à fussanga, demoro quarenta minutos para fazer uma estrada que se faz em dez, chego a casa e a infiltração da cozinha afinal não foi resolvida e escorre-me água pela parede, ligo ao mestre de obras minha senhora segunda feira sem falta.
Mil milhões de raios e trovões me caiam em cima, e à minha mania de achar que estou a trabalhar para o bem comum, que todos queremos o melhor para todos, que remamos no mesmo barco para o mesmo lado, quando aqueles iconoclastas, lepidópteros canalhas, flibusteiros de uma figa, a única coisa que estão interessados é em defender o seu quintalzinho, que não lhes levantem ondas, e mais que nada que ninguém se lembre de ter ideias que eles não têem, ainda para mais se for uma miúda nova e gira, ah olhe a d. ester hoje parece uma teenager com essas jardineiras, ah a d. ester hoje vem de saias deve ser para alsaricar os nossos homens, oh d. ester tem tratado da sua pele, oh d. ester esse colar parece um ninho de ratos, ah oh d. ester não se sente ao lado do presidente do conselho de administração, senão ele ainda nos tira o lugar a todos para lhe dar a si, e deus nos livre disso, que eu tenho contas para pagar e filhos para crescer, as férias no club med para gozar, o que é isso do bem comum?

2 comentários:

JPN disse...

muito bom, eheheheh.

D. Ester disse...

escrevi isto com a tua vozinha dentro de mim, "quando estás furiosa aproveita e escreve um post, sai sempre bem"