terça-feira, maio 26, 2009

This is dedicated to the one I love

Esta tese é dedicada ao meu Avô

Médico, professor, investigador
amante das coisas belas, na natureza e na arte,
a minha fonte inesgotável de amor e de desafios intelectuais.

Enquanto dava voltas à prosa para lhe dedicar o volume, cheio de coisas incompreensíveis para a maioria dos mortais (e para os imortais também, mas não creio que esses o venham a folhear), reli o que me escreveu quando me ofereceu a sua tese.

Para a "Favorita",
do Avô

Entre lágrimas e saudade, lá consegui acabar a dedicatória. Há muitas pessoas que o fazem "à memoria de", mas isso para mim não faz sentido. Eu não quero relembrar o que restou dele nos meus neurónios, quero que ele fique por tudo o que foi, pessoa inteira cheia de defeitos e muitas mais qualidades. Um homem difícil que para mim era simplesmente encantador. Faz-me falta todos os dias, mas está sempre presente. Mesmo que me tenha feito a desfeita de se ir embora.

sexta-feira, maio 22, 2009

Exactamente

Inscrevi-me na hidroginástica para grávidas, a ver se me mexo para desmoer a gordura extra para além das coisas boas que dizem ter para o estado de graça.

Procuro na gaveta os fatos de banho de desporto de outrora, descobrindo que devem ter encolhido porque já caibo mal lá dentro. Pergunto-me se não seria melhor comprar um que tapasse mais de um terço das minhas mamas.

Decido fazer o teste conjuge e vou até à cozinha mostrar-me enquanto ele prepara o pequeno almoço. Depois de uns segundos a olhar-me em silêncio apenas consegue perguntar a medo Isso é exactamente o quê?

Está visto que terei de entrar em (mais) despesas.

quarta-feira, maio 20, 2009

Dona redonda e a sua gente


Aos quatro meses e meio e já com uma pança e pêras. O que lhe vale é ter tudo no sítio, dedos das mãos, dos pés, pirilau e 22 pares de cromossomas, mais o X da mãe e o Y do pai.
Se virem passar um pinguim vestido de miúda não se assustem, sou eu.

quarta-feira, maio 13, 2009

Piadas semânticas

Receber mails divertidos logo ao abrir o pc não é habitual. Ainda não consegui de parar de rir com este.



They said a Blackman will be President of America only when pigs can fly.

Barack Obama has been in power 100 days and bang!


Pigs flu!

terça-feira, maio 12, 2009

A emissão segue dentro de momentos

Ontem vi um programa mais divertido que os contemporâneos, apesar de lhe faltar a brasa do Nuno Lopes (sou fã e tenho direito a apetites).

A Carmelinda Pereira parecia um personagem do Good Bye Lenin com ovo a cavalo, deve ter entrado em coma no início do PREC e desde que acordou têm conseguido esconder-lhe a realidade do país em que vivemos.

Ao seu lado um representante do PCTP/MRPP sem 1/10 da piada ou 1/100 da inteligência e perspicácia do Garcia Pereira, com 10 vezes mais agressividade e da gratuita, insultando a apresentadora pelo alinhamento das perguntas, cumprindo o legado do grande educador do povo português explicando-lhe à frente de todos nós o que ela devia ter feito em vez das escolhas que seguiu.

A Ilda foi ao consultor de imagem e trouxe uns olhos soberbamente sublinhados, apesar de continuar a carregar no same old play button.

O Vital estava mais vendido que um magalhães na Feira da Ladra, a querer defender coisas nas quais não acredita e sem a força e a qualidade que sempre lhe reconheci.

O Paulo Rangel tinha uma cor acinzentada, parece-me que precisa de menos papas e mais vegetais e fruta, e um raiozito de sol para fixar a vitamina A, mas isto sou eu que não tenho qualquer pasta governativa.

A Laurinda Alves continua com síndrome X frágil mais acentuado que nunca, fez questão de nos contar dos casos da vida real que encontrou por esse Portugal em vez de responder às perguntas que lhe eram feitas. Minto: quando questionada sobre o tratado de Lisboa anunciou impante, como quem descobre o ovo de colombo ou grita que o rei vai nú, que as bolsas erasmus e programas comenius são muito mais importantes que qualquer tratado, enquanto repetia o mantra "não perguntemos o que a UE pode fazer por nós, mas sim o que podemos fazer pela felicidade uns dos outros", com Kenedy a dar voltas na tumba à sua conta.

Havia ainda um senhor que parecia um alho francês com orelhas do tamanho do aeroporto da portela, outro de cara de prepúcio triste e um sosia do irmão do Hugh Jackman no X-men (mas sem garras sujas de preto, que tivesse notado).

Os únicos que fizeram intervenções interessantes, pertinentes e inteligentes foram o Miguel Portas e o Nuno Melo (que apesar da mise não é um tipo nada parvo). Não estava a pensar votar em nenhum dos dois, o que me aborrece como quando o Benfica perde jogos.

Alguém podia ter avisado a Fátima que não é boa ideia sentar 13 à mesa.

quinta-feira, maio 07, 2009

Pensamentos soltos e dúvidas maternais

Já estou barriguda mas ainda não sinto a criatura. Insisto em pôr creme, agora duas vezes ao dia, com esperança. Continuo a engolir o folicil de manhã e a mastigar o cálcio depois do almoço. De resto tudo muito bem, sem enjoos nem chatices.

Bem, nem tudo. Começo a ter um nervoso miudinho pela amniocentese que se aproxima. Que se tudo corre bem na intervenção, se tenho de ficar quieta muito tempo, se o resultado vem com 46 cromossomas com os genes no sítio certo.

Ofereceram-me o primeiro par de meias e fiquei meia hora encantada de boca aberta a olhar para aquela maravilha. Neste momento ele cabe inteirinho dentro daquela organização de lã e algodão, mas há de chegar o tempo em que apenas um pé e outra em que nem isso. Olho para crianças na rua, miúdos já grandes e penso que um dia ele vai ter aquele tamanho. Será que vai gostar de almondegas com puré como eu?

As pessoas, especialmente as mulheres, contam-me as histórias mais insólitas e tolas. Que amamentaram até aos dois anos de idade da criança, que me tras à cabeça uma quase erotização da ligação mãe filho que me soa pouco saudável. Que a episitomia isto e a cesariana aquilo. Não quero saber, não perguntei, não me contem. Nem leio nada sobre o desenvolvimento embrionário nem sintomas da gestação, para não correr o risco de desatar a sentir coisas que não são as minhas.

Ando sem paciência para as parvoices que me acontecem no trabalho, e para gente tola que não sabe o que anda cá a fazer na Terra. Enterneço-me com pessoas atentas e gentis, e com os comentários simpáticos de quem passa no blog.

Tenho tido pouco tempo para cá vir e sinto-me culpada, mas a minha vida tem tido poucas graças para contar. Vou-me esforçar para que mude, que aborrecimento.

Hoje andei de saltos altos o dia todo, que me moeram os pés até os deixarem em estado de hamburger pronto a grelhar. Recuso-me a ser uma grávida pata choca enquanto o puder evitar. Uso vestidos justos e decotes generosos, que gritam que estou à espera de bebé mas não deixei de ser mulher. Olham-me com estranheza e curiosidade na rua. Dizem-me que estou bonita e eu gosto de acreditar que sim.