Depois de semanas de contracções e mau estar, em quatro horas apenas o miúdo resolveu a questão. Tive tempo para tudo, para as dores de alucinar e pensar que perdia o juízo, para a salvação terrena da epidural (por um triz não beijei o anestesista de gratidão), para o empurra empurra com o progenitor a ajudar, até chegar à sensação mais bonita que me foi dada até hoje - a do meu filho sair-me de dentro.
Puseram-mo em cima da barriga para o bonding mas esqueceram-se de mo virar de frente, queriam à força que me apaixonasse por uma nuca. Tive de gritar que não o conseguia ver para que o enfermeiro tivesse dó de mim e aí sim, ficámos os dois a olhar um para o outro, com que então és tu era o que se lia em cada um de nós. Tirámo-nos as medidas para termos a certeza de que não nos trocavam na maternidade (eu feliz por ele ter uma grande marca na testa para facilitar o processo), enquanto o pai lhe dava a independência cortando o cordão umbilical (nada me tira da cabeça que o miudinho vai usar esse argumento para lhe sacar o carro para andar pelas naites quando chegar a hora).
Agora andamos a conhecer-nos. Há dias mais fáceis que outros - hoje está como um santo a sorrir na alcofa enquanto dorme, faz apenas uns barulhinhos que me faziam saltar da cama para ver se era uma macueca mas aos quais já me habituei. Tem um ar feliz assim.
Noutras alturas chora desalmadamente e eu não sei que lhe hei-de fazer, tenho de ir por tentativa e erro e nem assim acerto. Rendo-me, ficando com ele no colo a embalar até que se acalme ou desista.
Ainda temos muito a aprender um com o outro. Como todas as mães neofitas tenho medo de fazer asneiras e mortifico-me quando acho que alguma coisa não correu bem e a culpa foi da minha aselhice. Para me consolar dizem-me que o quer que faça vai ser sempre pouco aos seus olhos adolescentes. Encolho os ombros e penso nos seus olhos de adulto inteligente e sensato. Mas o melhor mesmo é poder ficar horas a contemplar o fabuloso azul cor do mar em dia chuvoso que tem agora. Para a semana logo se vê se mudam de cor.
4 comentários:
eu bem disse que, sim senhora, ele era lindo de morrer :)))
ter um filho é ...sei lá... a felicidade em si, pura e dura... mas digo-te que ser mãe...p*rr@... dá uma trabalheira até irem para a tropa... mas compensa tantooooooooooo, enjoy!!!! :))))
Os meus sinceros parabéns. Boa continuação:)
beijo
minha querida D. ester, sempre que precisar, nem que seja para não dizer anda, estamos aqui!
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