sexta-feira, dezembro 05, 2008

Más notícias para o HIV

O vírus da imunodeficiência adquirida é tramado. Entra no corpo de uma pessoa e vai direitinho para os glóbulos brancos, para uma linha de linfócitos chamados CD4+ - os helper, para os amigos. Uma vez lá dentro liberta o seu genoma que vai ser incluido no genoma desses linfócitos e usar toda a sua maquinaria genética e proteica para se multiplicar e dar novos vírus, que vão continuar o ciclo infectando novos CD4.

Os linfócitos helper, ou auxiliares, têm funções peculiares na defesa imunitária dos indivíduos. Não matam nada, mas ajudam a fazê-lo. Quando identificam células estranhas ou infectadas por vírus ou bactérias chamam as demais para fazer o trabalho sujo por si. Ora, se estiverem carregadinhas de HIV não conseguem cumprir as suas funções, o que faz com que as pessoas que passam de seropositivas (uma leve carga de HIV que não ataca de forma ostensiva os linfócitos) a doentes (com HIV capaz de invadir um grande número de CD4, eliminando-os) não sejam capazes de combater coisas tão simples como um vírus da gripe ou uma caganeira por excesso de E. coli - e é assim que a SIDA, doença cobarde, não mata mas mói o suficiente para nos deixar quinar com uma constipação.


















Os medicamentos usados no combate ao HIV usam vários mecanismos de acção:

1. Impedir que o genoma do vírus seja introduzido no dos linfócitos, usando para isso um inibidor da enzima transcriptase inversa. O HIV em vez de DNA tem RNA, e o primeiro passo para o seu ciclo de infecção uma vez dentro das células é passar então o RNA a DNA com a enzima transcriptase inversa - se inibida o vírus não consegue continuar o ciclo.

2. Inibidores de proteases, enzimas que o HIV usa para tratar as proteínas sintetizadas pelo hospedeiro para fazerem os novos vírus

3. Inibidores da integrase, enzimas usadas para enfiar o DNA viral no nosso

4. Inibidores da fusão, que impedem que o vírus entre nos linfócitos alvo

Normalmente usam-se vários destes fármacos, para que a sua combinação permita que se impeça de forma mais eficaz a entrada e/ou replicação do vírus.

Já há algum tempo se sabe que há pessoas infectadas com o HIV e que nunca desenvolvem a doença, sem sequer precisarem destes fármacos, são apenas 0.2% da população infectada e mereceram por isso toda e a melhor atenção dos investigadore na área. Hoje sabe-se porquê, o que abre as portas para uma melhor terapia e, quem sabe, uma vacina.

Para além dos linfócitos helper, os CD4, temos também os que matam células sinalizadas como infectadas - chamam-se por isso citotóxicos, CD8 em sigla menos amigável. Qualquer seropositivo tem CD8 capazes de matar os CD4 infectados com o HIV, mas algures no caminho deixam de ser capazes de o fazer. Acontece que nesses afortunados 0.2% os CD8 não deixam de cumprir as suas funções, conseguindo assim manter como raridade de museu os CD4 infectados, sem no entanto os eliminar completamente. Ainda não se sabe porquê, mas fica-se a saber que a resposta pode estar a um CD8 de distância.

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