- Não sei bem. Mas conheço uma rapariga que observa discos protoplanetários no trapézio da constelação de Orionte.
terça-feira, setembro 30, 2008
Como acabar com perguntas idiotas
- Não sei bem. Mas conheço uma rapariga que observa discos protoplanetários no trapézio da constelação de Orionte.
segunda-feira, setembro 29, 2008
domingo, setembro 28, 2008
Agradecimento
Fotografado por Eve Arnold, durante uma aula no Actor's Studio
Depois, por ter sido um homem de família exemplar. Ser casado com a mesma mulher, ainda mais inteligente que bonita, durante mais de 40 anos num ambiente hostil à instituição casamento, é notável. Ter conseguido processar a morte do filho Scott por overdose, tendo fundado o Scott Newman Center para prevenir a dependência das drogas através da educação. (Vi Scott apenas na Torre do Inferno, a fazer de bombeiro ao lado de Steve MacQueen, com o olhar triste dos atormentados da alma).
Com a mulher Joanne Woodward, em 1958
Por ter sido um filantropo, mesmo em alturas em que isso não estava na moda. O Newman's own vende produtos biológicos cujas receitas revertem para instituições educacionais e de desenvolvimento sustentado desde 1982.
Etiqueta dos produtos Newman's own
Por me ter feito ler todo o Tennessee Williams. Por me ter dado algumas das cenas mais inesquecíveis do cinema - a dupla com Robert Redford na Golpada e no Butch Cassidy and the Sundance Kid, o alcoólico com problemas familiares na Gata em Telhado de Zinco Quente, o cínico looser no Doce Pássaro da Juventude, o gajo do esquemas nas mesas de bilhar no Hustler, que passa os seus ensinamentos na Cor do Dinheiro, o advogado que afinal consegue ganhar causas da maneira correcta no Veredicto.
Por ter realizado o Raquel, Raquel e a Influência dos Raios Gama no Crescimento das Margaridas, o confronto entre pai e filho, que seria também o seu, em Harry and Son. Encher aqueles personagens de amor que não sabem transmitir, que transbordam sentimentos que não conseguem verbalizar mas que estão lá em todas as coisas pequenas.
Por ter decidido que queria morrer em casa, e ter tido uma família à altura para lhe dar apoio nesse momento difícil. É das escolhas mais complicadas de fazer, porque se por um lado é o melhor e mais confortável em situações em que a medicina já não pode dar resposta, por outro é muito assustador. Parece que morrer não faz parte deste processo complexo que é viver. E estar ao lado dos que amamos até, literalmente, ao útimo suspiro faz parte da demonstração de amor que devemos passar.
Fico-me por agora com uma das suas cenas, da bicicleta como instrumento de sedução. Reparem no sorriso, o mais bonito do planeta.
O previlégio foi todo nosso. Obrigado.
sexta-feira, setembro 26, 2008
O professor me ensinou a fazer uma carta de amor*
De repente sou assaltada por uma dúvida maquiavélica. Seria para ele?
quarta-feira, setembro 24, 2008
Abre-te sésamo
Depois de aturadas buscas numa casa tão pequena, decidiu tomar medidas sérias. Ligou para uma casa de chaves, mas entre deslocação e abertura cobravam 150 euros. Gastar quase metade do dinheiro, ainda para mais em tempos de carestia, pareceu-lhe demasiado.
Tomou então medidas drásticas. Decidiu que arrombaria o cofre com um berbequim. Informou-se sobre as pontas mais adequadas à façanha, onde fazer os furos, de que forma seria possível contornar a besta que a nada se movia.
Depois de se apetrechar adequadamente, tirou toda a roupa do armário, protegeu as prateleiras com jornais, pôs uma máscara para não sufocar no pó, ligou o berbequim e aproximou-o da fechadura. Na primeira abordagem sentiu que a porta cedia. Seria possível?
Intrigado pela questão, decidiu tentar puxar a porta com a ajuda da ferramenta. Qual Ali Babá a dizer a palavra mágica, a dita abre-se. Lá dentro, o dinheiro com a chave a dormir em cima das notas.
*Totó, como Dante Cruciani em prisão domiciliária, a dar uma lição teorico-prática de arrombamento de cofres aos soliti ignoti
Crisálida
Segui com curiosidade, e uma pitada de voyeurismo, a história contada pela Siona, do seu casamento com uma dominatrix que o veio a trocar por um dos irmãos Warchowski.
Hoje li no Público uma entrevista que deu a propósito da exibição no Queer Lisboa de um dos seus filmes. "Não preciso de ter um pénis para ser um homem. O que importa é a forma como me sinto em relação a mim, não a forma como os outros acham que devo parecer ou me devo sentir. Se tivesse feito a operação, não a estaria a fazer por mim. Seria só para mostrar aos outros. Todos os homens que sentem desconforto com a minha imagem estão apenas a pensar naquilo que tenho entre as pernas, em mais nada."
Susan há 15 anos, Buck hoje
segunda-feira, setembro 22, 2008
domingo, setembro 21, 2008
Marte, Vénus e malas de viagem
- ah, aquelas que têm um buraco no dedo grande?
- Então e calças, só levas as que tens vestidas?, atiro a medo.
- Ah, ainda bem que perguntas! Levo as pretas impermeáveis, para poder andar à chuva.
As minhas ondas electrocardiogramáticas engasgaram-se nas suas vírgulas. Como é possível que alguém não leve calças extra decentes para uma viagem de 5 dias. Já meia derrotada, atiro
(decididamente não somos do mesmo planeta)
Preocupada com a sua aparência em público, não me pareceu ter ouvido nenhum item apropriado para a palestra que o fazia viajar, como é que vais vestido na sexta feira?
Abriu os braços, sorriu de felicidade, e exclamou
It's like a really bad Disney movie*
Matt Damon sobre Sarah Palin, e a possibilidade de ela ser Presidente dos Estados Unidos da América.
*ou uma boa desculpa para ficar a olhar para um gajo giro durante 1:30 minutos.
quinta-feira, setembro 18, 2008
Experimente calicida
quarta-feira, setembro 17, 2008
Mistérios
Todas as manhãs ao passar de biciclete em frente da sua porta me perguntava como foi possível, se 300 dias ao ano eu mal via os pórticos a contornar e o traseuntes inocentes a evitar, com o nevoeiro constante do planície padana.
Prato della valle, com a Basílica de Santa Justina atrás
Daltonismo
Depois de uns segundos de silêncio e assombro, consigo perguntar-lhe
- A cores? Mas quais cores? Amarelo, azul, vermelho?
- Sim claro, respondeu-me, como se eu também tivesse faltado às aulas onde se aprende a usar as cores primárias.
terça-feira, setembro 16, 2008
Ainda o CERN e o fim do mundo - versão Inimigo Público
Abriu na quarta-feira um acelerador de partículas na fronteira Franco-Helvética chamado Large Hadron Colider, que será capaz de criar mini-buracos negros que vão engolir o sistema solar e provocar-lhe uma sensação horrível, semelhante a um anti-orgasmo. Um grupo de cidadãos americanos avançou em Março com um processo judicial num tribunal do Hawai com vista a pôr fim ao fim do projecto e à salvação do mundo. Mas o Large Hadron Colider está fora da jurisdição americana e os cientistas são egoístas e capazes de tudo para obter protagonismo, já que não têm conversa nem aspecto para seduzir os membros do sexo oposto.
Fim do mundo pode ser bom para a economia portuguesa
Próximo do fim do mundo vão começar a acontecer coisas estranhas
Que só acontecem quando o fim do mundo está próximo. Vacas a voar, galinhas com dentes, processo Casa Pia chega ao fim, FCP desce de divisão, lince ibérico volta a roubar sardinhas no Algarve.
Das novas famílias
- O pai e a mãe do Manel vivem na mesma casa e dormem no mesmo quarto
sexta-feira, setembro 12, 2008
Agenda cultural - And the missing R no hot clube
Para além de serem rapazes muito bem apessoados, são músicos excepcionais. Ora leiam o que sobre eles escreveram na revista jazz.pt e apareçam no hot clube. Se couberem.
quinta-feira, setembro 11, 2008
Sabedoria
Ele disse que o meu problema era não aceitar no meu íntimo quão zangada estou com algumas pessoas e dizê-lo a quem de direito. Como já não sei o que é ou deixa de ser, decidi seguir o conselho. Estou zangada contigo, disse-lhe. Mas não tive alívio da dor ou desaparecimento da raiva, nem vi uma luz descer sobre mim vinda do meio de umas nuvens como nas pinturas. Quanto tempo demorará a chegar, essa tal de serenidade?
Fui às páginas amarelas. 1-5 de 5 resultados para "serenidade". Parece que é preciso ter mais de 65 anos para encontrar a serenidade do outro lado da linha do telefone. É questão de acrescentar paciência à lista de virtudes a adquirir.
quarta-feira, setembro 10, 2008
O CERN sabe nadar
Os jovens cientistas que trabalham no CERN prepararm um rap que explica o quê, como, onde, porquê da experiência.
Já que há quem pense que a experiência pode criar um buraco negro e engolir-nos todos lá para dentro, vale a pena saber por quem os sinos dobram.
terça-feira, setembro 09, 2008
sms
Recebi dois. Nesta família perde-se mais facilmente um bom negócio que uma boa gracinha.
segunda-feira, setembro 08, 2008
Bonança
Hormones' Boat soon will be making another run
And hormones won't hurt anymore
domingo, setembro 07, 2008
Purgatório
Aos domingos é dia de visita, para os que ainda têm quem os espere. Mulheres, filhos, pais, irmãos, maridos quase nenhuns. As crianças brincam umas com as outras, fazem asneiras para que olhem para elas em vez de estarem em conversas que lhes são incompreensíveis e adivinham dolorosas. Alguns têem abraços, outros apenas presenças dignas na dor que dirão mais tarde aos amigos quanto lhes custa aquelas horas. Ou que guardam o desespero só para si, à noite no escuro entre os lençóis.
Uma rapariga muito nova com uma cruz ao pescoço, visitada pela mãe que lhe toma conta do filho pequeno e lhe leva livros religiosos com a salvação pelo poder divino. Um homem maduro que espera a família numerosa e se preocupa com o companheiro que patinou a semana toda, num desespero escondido que todos descobriram. Um que ainda trás a aparência carcomida que a vida ao desbarato na rua depois de uma semana de internamento ainda não lhe tirou da pele.
Recebem com alegria a presença do companheiro que conquistou a liberdade na semana anterior, e se vê quanto sofrimento ainda lhe pesa nos ombros largos e atléticos, o medo do mundo fora do útero.
Nos olhos dos que ali vivem espreitam fantasmas dos demónios que os perseguem, nuns adormecidos, noutros a serem expulsos, nalguns irrequietos.
Eu não consigo falar, não consigo dizer nada. Fico catatónica na minha impotência, na minha incompreensão, na minha raiva silenciosa, tenho vontade de lhe bater, pontapeá-lo até expulsar o bicho que o come por dentro e com isso talvez o meu. Em vez disso sento-me no chão, a brincar às casinhas, a dividir a alegria infantil com dedo espetado "quem vai ver o pai hoje?".
À hora marcada arrumam-se os lápis, os livros, os bonecos, beijos e abraços cheios de lágrimas que não saem, até para a semana, porta-te bem, voltem sempre, não se esqueçam de telefonar, deixar dinheiro na recepção, nós vamos à vida de todos os dias e eles continuarão a expiar as suas faltas em catarses de grupo.
Perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido. E não nos deixeis cair em tentação mas livrai-nos do mal. Assim seja.
sexta-feira, setembro 05, 2008
Vermes de creme de emplastro à base de idiotices*
quarta-feira, setembro 03, 2008
Tratamento
Se eu não tenho nada contra as pessoas que usam o tu, porque é que enerva tanto que eu não o faça? Um dilema que me há de acompanhar até à cova.
A única coisa que não consigo compreender são as pessoas que tratam os pais pelo nome próprio. Do lado dos pais, por prescindirem de um tratamento único. Do lados dos filhos, que ficam a parecer órfãos. É que às vezes sinto tanto a falta de chamar pela minha mãe que o faço baixinho só para me lembrar ao que soava.