Antes das oito da manhã o portão da escola já tem mães com os filhos pequenos à espera que o venham abrir. São mulheres que têm de entrar cedo ao trabalho e precisam de ter onde os deixar. Têm todos caras ensonadas, os pequenos e as grandes; não há homens entre elas, apenas o ar cansado de quem repete todos os dias o mesmo ritual. Deixam os filhos na escola pública, vão a correr para casa das senhoras que têm de arranjar o cabelo e o talleur e lhes confiam os bebés, que elas não podem criar porque têm de ir para a empresa. Uma cadeia autofágica, ainda não percebi quem ganha mais.
Uma amiga minha tem uma pme de duas empregadas e motorista, será que alguma vez reparou nas caras delas de manhã, nas caras dos seus filhos que ficam mais horas que os outros à espera delas no páteo?
Numa conferência sobre o Ensino Superior fiquei a saber que quem chumbou alguma vez no secundário tem nulas hipóteses de entrar no superior; que os filhos das classes médias são 7 para 1 dos do proletariado nas faculdades, e prevê-se que esse número suba para 12:1 nos próximos 10 anos.
Para onde sobe Luísa?
2 comentários:
oi Dester,
Ja leste o Germinal de zola?
não, evito. para deprimente já me basta olhar para o portão da escola às oito da manhã.
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