quarta-feira, outubro 22, 2008

Sobe que sobe, sobe a calçada

Antes das oito da manhã o portão da escola já tem mães com os filhos pequenos à espera que o venham abrir. São mulheres que têm de entrar cedo ao trabalho e precisam de ter onde os deixar. Têm todos caras ensonadas, os pequenos e as grandes; não há homens entre elas, apenas o ar cansado de quem repete todos os dias o mesmo ritual. Deixam os filhos na escola pública, vão a correr para casa das senhoras que têm de arranjar o cabelo e o talleur e lhes confiam os bebés, que elas não podem criar porque têm de ir para a empresa. Uma cadeia autofágica, ainda não percebi quem ganha mais.

Uma amiga minha tem uma pme de duas empregadas e motorista, será que alguma vez reparou nas caras delas de manhã, nas caras dos seus filhos que ficam mais horas que os outros à espera delas no páteo?

Numa conferência sobre o Ensino Superior fiquei a saber que quem chumbou alguma vez no secundário tem nulas hipóteses de entrar no superior; que os filhos das classes médias são 7 para 1 dos do proletariado nas faculdades, e prevê-se que esse número suba para 12:1 nos próximos 10 anos.

Para onde sobe Luísa?

2 comentários:

Anónimo disse...

oi Dester,

Ja leste o Germinal de zola?

D. Ester disse...

não, evito. para deprimente já me basta olhar para o portão da escola às oito da manhã.