segunda-feira, outubro 13, 2008

Nem sinais de negro nem vestígios de ódio

Tenho um armário de 3,5 metros de largura cheio de coisas. Camisolas de meia estação e inverno, t-shirts arrumadas em molhos das de alcinhas, alças, manga curta e manga comprida, camisas, casacos e casaquinhos de malha, saias curtas, compridas e médias, calças de verão, inverno e todo o terreno, sandálias separadas pelas rasas e de salto, sapatos, ténis, botas curtas e de cano alto, carteiras de todos os dias e de festa, casacões de todos os tamanhos, formas, feitios e texturas, vestidos para todos os gostos, pijamas, camisas de dormir e baby dolls. Tenho também as gavetas da roupa pequena, uma para cada coisa: soutiens de um lado, cuecas do outro, meias de lã e algodão, collants e meias de vidro, écharpes, cachecóis, bikinis. Adoro o meu armário e tudo o que vai lá dentro. Prometo sazonalmente desfazer-me das coisas que já não uso, mas atraiço-me todas as vezes. Não consigo deitar nada fora, reminiscências de antepassados caçadores recolectores decerto, o meu missing link.

As estantes de livros ultrapassam em mais do dobro a largura do armário da roupa, organizados também esses de forma minunciosa. No entanto, não escrevo sobre roupa nem sobre livros. Deve ser por isso que ninguém me chateia nas caixas de comentários. Água, quase tudo, e cloreto de sódio.

4 comentários:

Anónimo disse...

agora apetecia-me dizer "cresceu"

mas é melhor continuar calado e a observar à distância.

a trapezista disse...

Ah ah. Não sabia que havia temas só para crescido e temas para crianças. Sempre a aprender.

D. Ester disse...

o que mais me deixa preocupada é não perceber em que sentido é que parece que cresci. queres ver que o senhor me está a chamar gorda?

a trapezista disse...

Tens de escrever sobre um par de sapatos. Umzinho.