quarta-feira, dezembro 31, 2008

Onde está a D. Ester?













1127º pontinho vermelho a contar da esquerda.

quinta-feira, dezembro 25, 2008

Há algo de podre na república federada presidencial

Quando 46% das mulheres e 30% dos homens norte-americanos preferem passar duas semanas sem sexo a duas semanas sem internet. (estudo da Intel)

quarta-feira, dezembro 24, 2008

Pequeno poema bioresponsável alusivo à quadra

É Natal, é Natal
Paz, amor e luz
Só estão mal, muito mal
Todos os perús*

* e os bacalhaus também

terça-feira, dezembro 23, 2008

Direito de resposta













Daqui em resposta a isto

domingo, dezembro 21, 2008

Mais sabedorias











Não está no wisdom book, mas devia

"Já não tenho vontade de gritar contra os outros. Talvez tenha compreendido que os outros são como decidem ser e não como eu desejo que sejam. É uma coisa que tem a ver comigo como pessoa, uma pequena mudança. Como argumentista, já não me apetece escrever e pensar diálogos que depois tenho que dizer gritando contra os meus amigos."

Nanni Moretti ao Ypsilon, a propósito da mudança dos seus argumentos e personagens ao longo dos anos. Chegando agora ao Caos calmo.

sexta-feira, dezembro 19, 2008

No sapatinho da D. Ester


Interrogações

Quem terá sido a luminária da moda que massificou os blusões? E porque raio os homens portugueses acham que lhes fica bem? O que é que aconteceu ao sobretudo?

(interrogações pós compras em centro comercial, durante o lanche numa pastelaria de bairro - onde, sabe-se, os blusões são ubiquitários)

quarta-feira, dezembro 17, 2008

Percebo que estou a exagerar

quando a temperatura do meu escritório é mais alta que a do berçário de neonatologia da Maternidade Alfredo da Costa.

segunda-feira, dezembro 15, 2008

Mais pontos de vista

Já tinha aproveitado o assunto para fazer umas graçolas sobre o tema. Mas parece que voltou à ordem do dia, e D. Ester sempre atenta, entre a manicure e a depiladora, consegue dar o seu ponto de vista sobre o assunto.

A Jonasnuts decompôs a origem da história, a Joana Lopes comentou-a e eu debruçar-me-ei agora sobre as conclusões de um estudo sobre blogosfera que podem ser lidas aqui.

Como podem verificar pelo que a Jonas escreveu, a amostra de bloggers foi recolhida através dos links e comentários de um único blog, o que introduz aquilo que se chama viés num estudo. Ou seja, não se consegue ter uma amostra representativa da população que se pretende caracterizar (no caso os bloggers do Minho) apenas pelos que têm afinidades com uma pessoa só - a não ser que se parta do pressuposto que TODOS os bloggers do Minho estão linkados no dito blog e comentaram nos seus posts, em especial onde se discute esse tema transversal "petição pelo regresso do eléctrico".

Dado que as autoras do estudo se deram conta que não tinham base estatisticamente significativa, chamaram-lhe "um olhar sobre a realidade do Minho", advertendo que pretendem um contributo inicial para o estudo geográfico da blogosfera.


Podem ler-se nas considerações finais:

- Apesar das potencialidades que a blogosfera apresenta para a afirmação das vozes femininas, uma vez que este é um mecanismo de auto-edição, ainda se verifica um baixo nível de participação das mulheres a nível regional.
- O ponto de partida para esta análise é um blogue de um homem, com um forte pendor de intervenção regional, o que poderá deixar de fora do blogroll do ‘Avenida Central’ os blogues com outros centros de interesse, onde eventualmente a presença feminina seja mais numerosa

Pois, às tantas as bloggers minhotas interessam-se mais por temas nacionais.

Em relação às questões que os autores creem levantar com este estudo preliminar acontece uma coisa espantosa; em vez de se falar das mulheres do Minho extrapolam-se os resultados para a realidade nacional:

– Será que as mulheres estão afastadas da blogosfera ou alguns blogues assinados por homens conseguem maior destaque, mesmo nos meios de comunicação tradicionais, criando a ideia de que elas são menos activas no ciberespaço?

Em menos de 5 minutos consultei o top de blogues mais lidos em Portugal, aqui. Não conhecia todos os blogues, mas fui ver quantos deles eram escritos, no todo ou em parte por mulheres. E não é que 12 dos 25 listados entravam nessa categoria? Reparem, fui à fonte de blogues mais lidos de todos, sem vieses de temas. E encontrei 48% de participação feminina na blogosfera. Há coisas incríveis, bem sei.






– Será que os blogues de mulheres se concentram, de facto, em determinadas áreas tradicionalmente conotadas com a esfera feminina ou são os espaços dedicados a outras temáticas que não são (re)conhecidos?


É contar e catalogar: dos 9 que podem ser considerados de intervenção, 4 contam com mulheres na equipe. E entre os que falam de temas menos, hum, prementes, temos o wrestling galaxia a par e passo com o blog de artesanato. E Deus criou a mulher por oposição a crianças, jovens e adolescentes. A escolha é variada.

– Será correcto falar de blogues femininos e masculinos? Porque é que muitas escondem a sua ‘verdadeira identidade’ sob a capa de nicknames?


Verdadeira identidade entre aspas porquê? Pelo que leio, tanto homens como mulheres usam nicknames para assinar o que escrevem e o que comentam. Por uma razão muito simples: privacidade. E assim de cabeça, lembro-me de tantas mulheres como homens que assinam com nome e apelido. Entre as quais duas das autoras do estudo, que também blogam assumidamente. Mas não pretendo que os meus conhecimentos blogosféricos sejam representativos da realidade, haveria que fazer um levantamento completo. Decerto seria surpreendente para algumas pessoas.

– Será que a blogosfera está a funcionar como um mecanismo de reprodução dos estereótipos que foram sedimentados durante séculos? Ou poderemos encarar os blogues como ferramentas que estão a operar uma mudança social?

(coço a cabeça atrás da nuca antes de dar o meu modesto contributo a esta) Não sei de que estereotipos falam, tenho dificuldade em entender sequer a questão. Nos blogues as mulheres trabalham mais? Dedicam-lhes mais tempo? Ou será que tratam melhor os seus comentadores, são mais afáveis e simpáticas? São mais interessadas pelas questões educativas, usando os seus blogues como veículos de tradução da realidade?


Eu tinha achado o estudo divertido, engraçado, despretensioso, com vontade de integrar contributos para aumentar e melhorar o seu alvo, tornando-o eventualmente uma referência interessante. No entanto, ao fim da segunda apresentação pública sem revisão dos seus princípios e continuando a responder em tom jocoso às pessoas que questionam as suas bases não é uma forma séria de fazer aquilo que se propoem - ciência. Pronto, ciência social, mas ainda assim.

Parece-me que este é um terreno fértil para se fazerem inúmeros estudos e observatórios, mas uma coisa que se pede é seriedade para que possam ser levados em conta. Uma coisa que as autoras deste estudo estarão a descobrir com surpresa e agrado é que há muitas mulheres (não somos minhotas é certo, mas ainda assim) que têm voz e vontade de intervir - tal como elas parecem ter. Mas não basta ter boa vontade e fazer uns estudos por alto. De qualquer forma, com a visibilidade que estamos a ajudar a que tenham seguramente poderão prosseguir o estudo.

domingo, dezembro 14, 2008

Violência doméstica

Now I sit by my window
And I watch the cars
I fear I'll do some damage
One fine day
But I would not be convicted
By a jury of my peers
Still crazy after all these years

Não é por ele ser sportinguista, nem tem cachecol ou cartão do clube para chatear. Não foi por ele ter dito que preferia que o Leixões ganhasse para ir à final com o Porto. Nem me passei quando ele disse gostar que o jogo fosse a prolongamento, para ver mais futebol num sábado à noite, nem quando vaticinou que se ia resolver o encontro em grandes penalidades. Nem mesmo quando o Nuno Gomes pediu cartão e ele sorriu dizendo "já vais ter o penalti que pedes, cinco até", respirei fundo e acreditei sempre no meu clube do coração. À décima tentativa de golo, quando o Reyes de camisola interior por baixo do equipamento se aproximou da grande área com a bola e ele previu que ele a ia falhar, e de facto o fez, Sr. Dr. Juiz, uma mulher não é de ferro, atirei-me a ele como uma águia sobre a sua presa e deixei-o no estado em que o encontraram. O senhor não teria feito o mesmo?

sábado, dezembro 13, 2008

A pin-up

God gave me the talent to pose for pictures and it seems to make people happy. That can't be a bad thing, can it?



Morreu Bettie Page, aos 85 anos.

Depois de ter experimentado ser professora primária e secretária, descobriu que podia ganhar muito mais dinheiro como modelo fotográfica. Um dos primeiros conselhos que lhe deram foi de tapar a enorme testa, e assim o cabelo pelos ombros e a franjinha tornaram-se a sua marca.




Deixou puritanos em alvoroço ao fazer furor com as suas imagens fetichistas, com bondage e sado masoquismo com outras meninas. O que hoje pode ser visto como inocente e inconsequente, na altura foi um marco na assunção da sexualidade feminina, de poder íntimo e liberdade absoluta. Usando o pretexto de ter inspirado sessões de imobilização que levaram à morte de um rapaz, chegou a ser intimada por um comité do Congresso dos EUA, promovido pelo Subcomité de delinquencia juvenil. Ela acabou por não aparecer e conseguiram cozinhar uma ordem judicial para destruir os negativos e todas as cópias das suas fotografias, apesar de algumas terem sido salvas para serem apreciadas ainda hoje.



A partir dos anos 80 a sua imagem foi repescada e reproduzida por todo o lado, já em 2005 fizeram o filme com a sua história de vida - que hoje acabou.




Vai ficar para sempre como a pin up morena de franjinha. Para quem se interroga sobre como envelhece um ícone, Bettie Page aos 80 - a cor do cabelo mudou, mas o corte manteve-se, bem como o sorriso.


Para mais, há a
wikipedia e a sua página oficial.

sexta-feira, dezembro 12, 2008

Fomos roubados

Apanho a Adelaide Ferreira a cantar o clássico papel principal na televisão, com o mesmo fulgor de há vinte anos (uma grande candidata ao galardão de melhor dor de corno, com pontos acrescidos pela persistência). Ando há anos a dizer que a nossa diva e o seu ícone foram roubados pelo Carlos Santana. Ora oiçam se não é tal e qual.

(a nossa é de 1986, a dele de 1999)


Armagedão





cortada daqui

Parada numa rotunda vejo que estão a pôr um novo outdoor de lingerie, deve ser outro da triumph digo aos meus botões curiosos. Enquanto espero que deixem de passar carros para continuar a minha viagem olho melhor e decido que afinal não, aquelas mamas são mais pequenas que as da Cláudia Vieira.
Em que raio de mundo estamos que até eu já conheço as modelos pelas copas dos soutiens?

quinta-feira, dezembro 11, 2008

Citius, altius, fortis

Depois da mais bonita música de amor, lanço agora a mais avassaladora canção de dor de corno. Apesar da Maria Bethania ser pródiga no tema, deste lado do Atlântico também não estamos mal servidos.

Na casa de banho

A propósito deste post, o desabafo do jornalista nos amigos de alex

- Na minha revista temos uma única regra editorial, não podemos escrever nada que uma pessoa normal não consiga ler durante o tempo de uma cagadela. Estou farto que todo o meu trabalho seja lido na casa de banho.
- Há quem leia Dostoievski na retrete.
- Sim, mas não o conseguem acabar.

quarta-feira, dezembro 10, 2008

Ignorante

Quero escrever "cocó" num sms mas o dicionário não conhece a palavra. Propõe como alternativas bobo, amam, bobó, anão, côco, aman, ambo, anco, coam. Como grande educadora do povo e dos telemóveis portugueses aumento-lhe o léxico, depois de ter ponderado a alternativa "merda" - como bom estrangeiro foi das primeira que aprendeu.

Como se nada fosse II

No consultório do ginecologista,

- Está tudo bem consigo? E o Francisco, começaram a pensar em ter bebés?
- Ahm, eu já não estou com o Francisco, agora estou com o Manuel. Não vinha cá há algum tempo.
- Ah, está bem

Retira um bocado de autocolante dos cantos das vinhetas, cola em cima do que tinha escrito na ficha, e de caneta em riste pergunta impávido

- Manuel quê?

Como se nada fosse I

À mesa de jantar com o meu sobrinho de 8 anos,

- Hoje a Madalena deixou-me um bilhete a dizer que gosta de mim e quer ser a minha namorada
- E tu o que fizeste?
- Nada, continuei com a minha vida.

sábado, dezembro 06, 2008

Editora por um dia - as minhas horas de contemplação

O Miguel Marujo desafiou a uma série de mulheres bloggers, entre as quais yours truly, para escolhermos 10 imagens de 10 mulheres para o seu E Deus criou a mulher.

Que mulheres gostaria eu de contemplar, foi a pergunta que me pus para lhe poder responder (e aos seus leitores que apreciam os corpos e as caras das que por lá se passeiam, uma espécie de parede de quarto adolescente com os objectos de desejo em volta da cama de pessoa só transmutado em ecran de pc). Fiz uma viagem pelas mulheres da minha vida, das que desejei ser, as que invejei, as que me prenderam a retina até hoje. Depois de lhe ter enviado as escolhas e os motivos comecei a descobrir em mim pedaços delas que fui incorporando sem me dar conta, na minha maneira de andar na rua, de me sentar, de me relacionar com os outros, e nas roupas que escolho. Um processo divertido de auto-conhecimento, que não posso deixar de lhe agradecer, uma espécie de viagem pela minha memória cinematográfica. Chamei-lhe "as mulheres que desejei ser".

Como todas as raparigas, a primeira mulher que desejei ser foi a minha mãe. Bonita, elegante, com uma cabeleira comprida e ondulada na qual enfiava rolos e esperava que secasse com um dispositivo espacial, uma touca de fibra que se enchia de ar quente quando se ligava o secador na ponta. De alguns ângulos fazia lembrar a Jacqueline Bisset.
















Jacqueline Bisset

Passei a infância toda a ouvir dizer quanto a minha irmã mais velha se parecia com a Liv Ullmann. Ainda que aparecesse em filmes que eu tinha dificuldade em seguir, fiquei sempre a pensar a quem me assemelharia eu. Como não era com nenhuma, dediquei-me a desejar ser algumas das que povoaram os meus olhos, as princesas de carne e osso fora dos livros de contos.















Liv Ullmann, a segurar a cabeça da Bibi Andersson


Como só havia dois canais na televisão e havia poucos programas a passar, davam imensos filmes. Sorte a minha. Vi todos os grandes musicais americanos em casa, e sonhava um dia poder entrar por eles adentro, ainda que fosse para ser um cabide de pé alto nas mãos do Fred Astaire. Um dos meus preferidos de sempre é o Gigi, com a Leslie Caron como menina desastrada, com a elegância nas pontas dos membros a desconstruir a imagem de miúda provocadora e fugidia. O vestido da última cena, em que se transforma em mulher de sociedade, desejada por todos os homens e odiada pelas mulheres, ainda há de ser meu.




















A Cyd Charisse, com os números mudos na Serenata à chuva pôs em duas pernadas a bem comportadinha Debbie Reynolds a um canto. O curto vestido verde a deixar ver as pernas mais bonitas do cinema, numa dança lânguida com o homem com quem sempre desejei casar, fizeram dela a primeira sex symbol que me tocou. Provocadora, teaser, sem lhe dar o que ele queria – apenas a possibilidade de algo que nunca se concretizaria. Depois num sonho de véu branco, descalça e de tiara contrapunha-se como suprasumo do bom gosto e vulnerabilidade entregue.













Cyd Charisse



Com o Let's make love fiz as pazes com a Marilyn, que depois de ser sempre a idiota loira, que para minha raiva garantia que os homens as preferiam às morenas, se salvou entrando em cena de collants pretos e uma grossa camisola de lã clara. Deixou-me a mim e ao Yves Montand de boca aberta, ao encolher os ombros e a bambolear-se enquanto garantia que o pai era you know, the proprietaire.
















Marilyn Monroe


Num dos vários álbuns de cinema que havia em casa havia duas imagens em que sempre parava horas de contemplação. Uma a da Cyd Charisse de véu, outra a Jane Fonda de Barbarella com o anjo cego a abraçá-la. O look dominatrix espacial, guerreira protegida por um loiro com penteadinho de acólito, com asas verdadeiras e por isso sem risco de derreter com o calor da cena.


















As mulheres de Hitchcook eram todas bonitas, mas que apenas actuavam por reacção ao que se passava à sua volta. Até que vi o To catch a thief, onde Grace Kelly brilhava em todo o seu esplendor, carregando a solução do mistério que apenas ela conhecia. A cara doce contradizia o modo como guiava por Monte Carlo fora, assustando o intrépido Cary Grant e mostrando-lhe quem tinha o protagonismo do filme. Por causa dela apropriei-me de uns óculos escuros vintage, e passeava-me de echarpe sobre os cabelos e ar misterioso, cultivando um aspecto distante e a enganar quem me queria julgar pela inocência da minha aparência.




















A Claudia Cardinale estava magnífica no vestido branco que levou ao baile no Gattopardo. E como enfermeira no 8 e 1/2. Mas foi no Soliti ignoti, jóia escondida atrás de portas trancadas, que mais a gostei de encontrar – até porque a vi inúmeras vezes, enquanto me ria com os disparates dos maltrapilhos das ruas de Roma.













A Monica Vitti, com a sua voz rouca e arrastada, e um subtexto de mulher irascível que eu já suponha ter em mim, fazia parte do pato com laranja que levantou tanta polémica ao ser passado na RTP nessa altura. Quando a descobri como Modesty Blaise, uma das minhas heroínas preferidas, conquistou-me definitivamente.


















Mas de todas as mulheres do cinema, a que mais desejei ser em absoluto foi a Joanne Woodward. A cena em que a vi mais sensual foi no Paris blues, a vestir-se deixando o trompetista abandonado na cama, com um corpete preto como nunca consegui encontrar para igualar a imagem inesquecível. This romance is doomed, diz-lhe ele, you wake up too early. Para além de bonita e talentosa a rodos, a primeira pessoa a ter uma estrela no Hollywod Walk of Fame, com ar inteligente e de felicidade serena, foi casada durante mais de 50 anos com o homem mais bonito que Deus criou.
















Joanne Woodward com Paul Newman

sexta-feira, dezembro 05, 2008

Más notícias para o HIV

O vírus da imunodeficiência adquirida é tramado. Entra no corpo de uma pessoa e vai direitinho para os glóbulos brancos, para uma linha de linfócitos chamados CD4+ - os helper, para os amigos. Uma vez lá dentro liberta o seu genoma que vai ser incluido no genoma desses linfócitos e usar toda a sua maquinaria genética e proteica para se multiplicar e dar novos vírus, que vão continuar o ciclo infectando novos CD4.

Os linfócitos helper, ou auxiliares, têm funções peculiares na defesa imunitária dos indivíduos. Não matam nada, mas ajudam a fazê-lo. Quando identificam células estranhas ou infectadas por vírus ou bactérias chamam as demais para fazer o trabalho sujo por si. Ora, se estiverem carregadinhas de HIV não conseguem cumprir as suas funções, o que faz com que as pessoas que passam de seropositivas (uma leve carga de HIV que não ataca de forma ostensiva os linfócitos) a doentes (com HIV capaz de invadir um grande número de CD4, eliminando-os) não sejam capazes de combater coisas tão simples como um vírus da gripe ou uma caganeira por excesso de E. coli - e é assim que a SIDA, doença cobarde, não mata mas mói o suficiente para nos deixar quinar com uma constipação.


















Os medicamentos usados no combate ao HIV usam vários mecanismos de acção:

1. Impedir que o genoma do vírus seja introduzido no dos linfócitos, usando para isso um inibidor da enzima transcriptase inversa. O HIV em vez de DNA tem RNA, e o primeiro passo para o seu ciclo de infecção uma vez dentro das células é passar então o RNA a DNA com a enzima transcriptase inversa - se inibida o vírus não consegue continuar o ciclo.

2. Inibidores de proteases, enzimas que o HIV usa para tratar as proteínas sintetizadas pelo hospedeiro para fazerem os novos vírus

3. Inibidores da integrase, enzimas usadas para enfiar o DNA viral no nosso

4. Inibidores da fusão, que impedem que o vírus entre nos linfócitos alvo

Normalmente usam-se vários destes fármacos, para que a sua combinação permita que se impeça de forma mais eficaz a entrada e/ou replicação do vírus.

Já há algum tempo se sabe que há pessoas infectadas com o HIV e que nunca desenvolvem a doença, sem sequer precisarem destes fármacos, são apenas 0.2% da população infectada e mereceram por isso toda e a melhor atenção dos investigadore na área. Hoje sabe-se porquê, o que abre as portas para uma melhor terapia e, quem sabe, uma vacina.

Para além dos linfócitos helper, os CD4, temos também os que matam células sinalizadas como infectadas - chamam-se por isso citotóxicos, CD8 em sigla menos amigável. Qualquer seropositivo tem CD8 capazes de matar os CD4 infectados com o HIV, mas algures no caminho deixam de ser capazes de o fazer. Acontece que nesses afortunados 0.2% os CD8 não deixam de cumprir as suas funções, conseguindo assim manter como raridade de museu os CD4 infectados, sem no entanto os eliminar completamente. Ainda não se sabe porquê, mas fica-se a saber que a resposta pode estar a um CD8 de distância.

A mais bonita, mesmo a mais bonita, não é como a tua mãe, é daquelas assim tão bonitas que até hum... sabes quais é que são?

As músicas de amor mais bonitas, ora aqui está uma ideia repetida e multiplicada para a qual dou de bom grado o meu contributo.

O meu coração tem mais quartos que um bordel, numa das suites está confortável com o seu piano que andou a beber o Tom Waits. I hope that I don't fall in love with you.

O Charles Aznavour a repetir you are the one for me, for me, for me, formidable com a minha família inteira, o meu tio a fazer-me rodopiar no meio da sala.

Qualquer uma do Frank Sinatra, mas a minha preferida é at the sands fly me to the moon. This man here is gonna take me by the hand and lead me down the right path to righteousness and all that other mother jazz, in the right tempo.

Se me olvidó que te olvidé, versão Bebo e Cigala, para momentos nostálgicos.

A voz do Cohen seduz qualquer uma, a declaração de quão meu homem quer ser deixa-me sem resposta possível. Mas que queira dançar até ao fim do amor, ninguém pode recusar. Dance me very tender and dance me very long.

Para acabar, fica a pirosada divertida da Mina e o Celentano, a coppia piu' bella del mondo.

No dia dos meus anos

No dia dos meus anos recebi telefonemas a partir da meia noite, parabéns e beijos nas diferentes formas e feitios, o afecto que me têm. Recebi retratos do meu alter ego















E do meu eu nas férias do verão, de dias em que fui feliz através dos teus olhos














Tirei fotografias com a família, as minhas mãos e as do meu pai a distinguirem-se apenas pelo tamanho. Parecemos inventados por um ilustrador sem imaginação, diferenciando as raparigas pelo laçarote em cima do cabelo e os pais por serem maiores que os filhos, de resto iguais, para que as crianças percebam que a família se vê no corpo mesmo quando se muda o género.
Os desenhos do meu sobrinho já com árvores de natal e presentes com embrulhos coloridos, um coelho vestido de pai natal e um gato a trazer-me um bolo de velas acesas. Estas várias identidades em que me desdobro, para cada um sou coisas diferentes e com cada um toco uma ou mais cordas da guitarra portuguesa que existe algures entre o pâncreas, o fígado e o hipotálamo.
Já em casa visto a camisa de noite de seda preta que a minha irmã escolheu para mim, sob o manto diáfano da fantasia a nudez forte da verdade, o realismo do século XXI espelhado na porta do armário.
Fui para a cama com um livro novo, aborreço-me com a prosa académica com pretensões a literatura, adormeço de lado em cima das páginas abertas e acordo sobressaltada com os meus roncos. Tu a leres impávido ao meu lado, confirmas que sim, ressono, eu culpo o escritor e continuo a dormir, para te encontrar esta manhã, com os pés nos meus tornozelos e encher-te de beijos enquanto não abrimos os olhos, parecemos dois cachorros recém nascidos enquanto não saltamos para o frio do dia entre torradas e café, e mesmo assim.
Enquanto espero que me atendam numa loja vejo-me ao espelho e começo a descobrir dobras que ali não estavam ontem, encolho o queixo para ver as pregas que aparecem no pescoço e penso nas rugas que me vão começar a saltar não tarda. Os retratos vão ficando a lembrar os telefonemas, o afecto, os parabéns, o presente que vai ser passado em menos de um fósforo.

terça-feira, dezembro 02, 2008

Educação

Li algures que a Katie Holmes e o seu batalhão de empregados estão proibidos de aplicar castigos físicos ou psicológicos à filha de dois anos, porque a religião do Tom Cruise não o permite.
Faz-me lembrar uma rapariga que trabalhou lá em casa, e que tentava chamar à razão o nosso castro laboreiro que comia dobermen ao pequeno almoço, apoiando as mãos nos joelhos para baixar a cara à altura do focinho e repetindo enquanto revirava os olhos "escuta thor, escuta o que eu tenho para te dizer". A Gisela deve ser mentora do cientologistas na sua aldeia.

segunda-feira, dezembro 01, 2008

Modernices

Ainda sol pela janela e já me chove a cântaros no correio electrónico, com umas gotas gordas aterradas em cima de cada mensagem impermeabilizada à água virtual. Esta versão moderna e tecnológica do galo de barcelos que dá o tempo do gmail começa a enevar-me.

Solidariedade - nº 3569

A propósito do congresso do PCP que hoje acaba, começaram a relembrar piadas sobre os países para lá da cortina de ferro, tão velhas que fariam as pessoas rir só pela referência ao número pela qual eram conhecidas. Algumas pessoas não acharam graça, o que me fez relembrar uma que me contaram de pequena e que demorei anos a entender o motivo de risota. Agora que o sei, apenas me posso congratular por ter passado tanto tempo sem perceber porquê.


Na escola um professor pede aos meninos que elenquem os animais que voem. Um levanta o braço e responde "crocodilo"
- Mas que grande disparate, quem é que te disse que os crocodilos voam?
- O meu pai
- E o que é que faz o teu pai?
- É da KGB. Os crocodilos não voam sr. professor?
- Voam. Voam muito baixinho, mas voam

domingo, novembro 30, 2008

A aranha

Enquanto me deliciava com o jorro de água quente pela cabeça abaixo descobri uma inquilina no canto oposto do duche, encostada ao tecto. Ficámos a olhar-nos como num duelo numa rua empoeirada do Oeste, vi-a atenta e quieta e decidi que poderíamos partilhar a casa de banho desde que ela não me fosse aos cremes.
Os dias foram passando e a aranha ia engordando, aumentando o seu círculo castanho interno e as longilíneas patas cada vez mais peludas. Comecei a ver-lhe feições e a imaginar que crescia para um dia me engolir a mim também, numa digestão demorada e preparada há semanas.
Contei a uma amiga do novo bicho de estimação, que me protegia dos insectos e me mirava no banho, como uma grande irmã muda e queda. Voltou da casa de banho em choque, aquilo é uma tarântula mais peluda que eu em vésperas de ir ao salão, qualquer dia pica-te e deve ter veneno. Achei que tinha chegada a altura de expulsar a oito patas da minha intimidade.
Não a queria matar, para além do mau karma dizem que trazem dinheiro, em tempos de crise nada pode ser menosprezado. Com uma amiga audaz delineámos um plano: com a vassoura atirá-la para a banheira, com um lenço de papel pegar nela e atirar pela janela. Eu fico com a vassoura, mas aviso que vou gritar. Gritei, a aranha não. Expulsámo-la à intempérie.
Hoje senti a sua falta no banho.

sexta-feira, novembro 28, 2008

O amor em lugares estranhos

Eu morava no 6º esquerdo e tinha pouco mais de 18 anos, no 7º direito uma família com um míudo de 8 anos cuja janela dava para a varanda do meu quarto. Um dia aterrou-me um desenho infantil dobrado em aviãozinho, achei que tinha sido um acaso, mas como era giro guardei-o. Nos dias seguintes continuaram a chover desenhos feitos a lápis de cor em papel cavalinho A4 que eu recebia com prazer e acrescentava à colecção. Até que um dia apareceu mais uma dessas folhas, onde estava escrito a amarelo com uma caligrafia ainda a ganhar mão - "Amo-te! João Morais".

Quando encontrei o rapaz no elevador com o pai disse-lhe que tinha recebido os seus desenhos, agradeci-lhe sublinhando com um sorriso. Ele corou até à raiz dos cabelos sob a expressão espantada do pai, nem conseguiu responder. Fiquei com sentimento de culpa por lhe ter partido o coração com a insensibilidade da minha revelação pública. De vez em quando olhava para a varanda mas não voltaram a aparecer os recados.

quinta-feira, novembro 27, 2008

Do lugar onde estou já me fui embora















Carla Maciel, Fernando Mota, Luciano Amarelo e Miguel Seabra controem personagens apalhaçadas que (não) falam da velocidade da vida. Um lindíssimo espectáculo com o bom gosto de sempre do Teatro Meridional, uma "tolice em dó maior" que dá gosto ver - VLCD até dia 21 de Dezembro na Rua do Açúcar.

Perguntas que me desconcertam

Jovem, pode dar-me um minuto da sua eternidade?

Problema de expressão

Mandam-me uma fotografia minha de há 16 anos; na altura achava-me um gebo e agora vejo-me gira. Mais fotografias, de bikini com a família no verão de 2001. Olha, estava magra, sempre achei que não.

Daqui a 10 anos, quando olhar para mim como sou agora, ver-me-ei decerto magnífica. Pena esta coisa de me apreciar ao ralenti.

quarta-feira, novembro 26, 2008

Sem título

Pela janela aberta oiço uma voz de mulher chamar pelo cão

- Piloto, aqui!

e enternece-me.

Bicicletar por aí

Vivi durante alguns anos numa cidade não portuguesa onde me podia mexer para todo o lado em bicicleta. Desencantei uma pasteleira preta linda, velha a cair de podre que só travava bem na roda da frente (como nunca me espetei de dentes no asfalto é um milagre que atribuo a Santo António), enfiei-lhe um cestinho no guiador e andava feliz e contente. Servia-me para tudo, incluindo as compras do supermercado - com o meu método optimizado levava um saco em cada punho e o terceiro no cestinho, desde que não guinasse demasiado para os lados o plástico não se enfiava pelos raios da roda da frente (de novo, Sto. António sempre atento).


Para além da cidade ser plana, os traseuntes e automobilistas (não consigo dizer esta palavra sem pensar que devia constar uma fotografia do meu avô materno, de boné e luvas de pele sem pontas nos dedos, na respectiva entrada na enciclopédia ilustrada) estavam mais que habituados a partilhar a estrada e os passeios com os apêndices de duas rodas.


Das poucas vezes que tentei a façanha em Lisboa senti-me dentro de um episódio das corridas mais loucas, temendo pela própria vida dada a insensatez dos carros que acham que quem tem bicla que vá para o parque.


Há uns meses li um artigo na new scientist sobre os perigos a que os ciclistas citadinos estão sujeitos - e que nem o capacete os salva. Medindo as distâncias que os carros mantinham da sua bicicleta com e sem protector na cabeça, o investigador chegou à conclusão que lhe davam mais espaço para cair se vissem a sua mona desprotegida. A mais divertida experiência foi quando o mesmo homem na mesma bicicleta pôs uma cabeleira feminina, que fazia com que os condutores se afastassem dele como de criptonite vermelha. Gajas, já se sabe, são desajeitadas, deixa cá ver se não a passo a ferro. (o início do artigo está aqui, para mais informações subscrevam-na).


A questão da inclinação de Lisboa, habilmente explicada aqui, parece-me apenas acessória à do civismo na estrada e condições lojísticas para o uso da bicicleta. Não se pode levá-la nos transportes, no comboio apenas nos urbanos, regionais e interregionais, se e só se, autorizado pelo picas de serviço - o que não é de todo um estímulo para quem precise de usar os transportes públicos em conjunto com a bicla. Convenhamos que pedalar de Mem Martins até ao centro de Lisboa é façanha apenas ao alcance de Venceslaus que têm mais que fazer que ir trabalhar para o escritório a suar em bica e a cheirar mal.

Dizer que (ontem aprendi que é bem começar assim as frases, se quiser parecer uma pessoa séria) as pessoas que mais se inflamam com a questão da impossibilidade de usar bicicleta em Lisboa se incluem nos que não a usaria no seu quotidiano é capaz de não ser um tiro ao lado.

segunda-feira, novembro 24, 2008

Requisitos

Parece que já tenho data provável para a apresentação da minha tese de doutoramento. Aviso desde já que quero um microfone madonna, três toalhas brancas, sete garrafas de água do fastio e fruta fresca à discrição - manga, papaia e rambutão. Da minha comitiva pessoal seguirão o personal trainer de meditação transcendental, massagista especializada em fascioterapia, manicure, cabeleireiro e as d.esterettes para aplaudirem de pé a performance. Em breve apresentarei o esquiço da roupa desenhada para a ocasião, por um reputado estilista português.

De que é que trata a tese? Who cares?

domingo, novembro 23, 2008

Prazeres íntimos

Fazer um bolo de chocolate para me deliciar a rapar a bimby

(acabo sempre com uma mancha castanha na ponta do nariz)

sábado, novembro 22, 2008

Dra Ester and Mrs Hyde

Segui o link da Joana Lopes, impulsionada pelo seu resultado de Salteadora da Arca Perdida - um dos meus filmes preferidos de sempre. Há que escolher o número de perguntas a que nos queremos submeter para a precisão do diagnóstico, escolho 27 logo abaixo do número máximo 45. Ao aparecer a sina no ecran solto uma sonora gargalhada e partilho assim convosco que sou uma brava do pelotão


Descontente por descobrir que o Oliver Stone é o realizador que me caracteriza, atiro-me para o de líder mundial. O tom das risotas subiu consideravelmente: com que então as pessoas que não gostam de mim apanham com armas químicas? Bem, se entrarem na casa de banho depois de me aliviar é bem provável. Quanto a ser a mais duraça do quarteirão, dou de barato, vivo num bairro de velhotes que lutam pela integridade física e manutenção da independência à força de papo-secos e margarina. Não tenho medo do confronto? Vocês e mais quantos, heim?



A minha auto-imagem sofre assim um rude golpe. Eu que me considero uma pacifista, que me acho zen até à quinta casa, sou definida por senhores da guerra em todas as frentes. Vou ali alinhar os shakras e já volto.

quarta-feira, novembro 19, 2008

A kind of hush

There's a kind of hush all over the world tonight.
All over the world you can hear the sounds of lovers in love.
You know what I mean.
Just the two of us and nobody else in sight.
There's nobody else and I'm feeling good just holding you tight.

A minha mãe a guiar o carro, a pôr o rádio mais alto quando esta música começava e a cantá-la arrastando o sh da frase e batendo com as mãos no volante enquanto abanava o tronco. A partir de uma certa idade tinha vergonha que a minha mãe cantasse ou dançasse em público, como todos os adolescentes. Também não gostava que ela me desse a mão ou abraçasse quando passeávamos na rua, as pessoas iam achar que eu era uma criança. Depois passou-me.

So listen very carefully.
Closer now and you will see what I mean.
It isn't a dream.
The only sound that you will hear
Is when I whisper in your ear
I love you forever and ever.

A minha mãe era muito desafinada, daquelas que não consegue acertar com uma nota no sítio certo e que ouvida sem a música por trás fazia com que se percebesse apenas o que queria cantar pela letra. De vez em quando aborrecia-se com a troça que fazíamos e afirmava "tenho óptimo ouvido, não tenho é voz". O seu excelente ouvido fazia-a confudir o Bono com o Mark Knopfler, coisa pouca.

There's a kind of hush all over the world tonight.
All over the world you can hear the sounds of lovers in love.

Um dia descobrimos uma maneira de tornar os seus dotes canoros úteis. Quando voltávamos do campo era preciso dar banho aos gatos, actividade que eles detestavam e da qual fugiam como podiam. Em desespero de causa a minha mãe começou a cantar para os tranquilizar e teve como efeito o congelamento imediato de todos os seus músculos - os bichos ficavam agachados, de orelhas para trás e rabo no meio das patas com o comprimento de onda ímpar da sua voz, se tentava uma nota mais aguda quase colavam a barriga ao alguidar. O banho dos gatos tornou-se num espectáculo familiar hilariante, e um regozijo para a autora da minha existência que via finalmente aplaudidas (ainda que de forma peculiar) as suas características vocais.

So listen very carefully.
Closer now and you will see what I mean.
It isn't a dream.
The only sound that you will hear
Is when I whisper in your ear
I love you forever and ever

Hoje vinha a guiar e deu esta música na rádio e estas memórias saltaram todas. Comecei a cantar e a sorrir. Enquanto houver quem se lembre de nós estamos vivos.

There's a kind of hush all over the world tonight.
All over the world people just like us are fallin' in love.
Yeah, they're fallin' in love.
Hush, they're fallin' in love.
Hush.

terça-feira, novembro 18, 2008

Informações: senha verde

Detesto defraudar os leitores. E no entanto, o google continua a fazê-lo por mim, facto pelo qual peço desde já humildemente desculpas. Aconselho a que quem quer saber coisas tão específicas como o que vai ainda acontecer no mundo passem a usar aspas para serem devidamente encaminhados para o consultório do Paulo Cardoso, visto que a Maya agora anda ocupada com programas interessantíssimos das tardes da televisão e não deve ter vagar para respostas tão complicadas. Também para aqueles que querem ver filme porno comendo a vizinha talvez seja mais útil passarem pelo redtube ou portal semelhante. Não é que tenha nada contra pornografia, mas ao meu lado mora uma velhinha de 80 anos, por baixo uma respeitável família com o apelido na porta, e do outro uma megera de verruga no queixo, não estou na disposição de me deixar comer por nenhum deles e ainda menos filmar para pôr aqui.

No entanto, não posso deixar de sentir uma pontada de vaidade ao descobrir que sou a 9ª entrada em 275.719 por erotismo em blogs. Ora toma.

segunda-feira, novembro 17, 2008

Estatisticamente significativo

Uma casa no meio do nenhures, falha a electricidade e a nada o disjuntor se moveu. Enquanto o resto da família tacteava o escuro à procura de velas o patriarca saiu à rua para averiguar a causa da coisa. Como na única construção visível da estrada também não havia rasto de luz, apressou-se a regressar apaziguado com a sua conclusão, definitiva e peremptória - é nacional.

sexta-feira, novembro 14, 2008

Pontos de vista

Depois de ter descoberto numa ida ao pavilhão do conhecimento que sou um homem por dentro, vêm agora uns analistas da blogosfera repôr a verdade dos factos, a que tive acesso graças à Joana Lopes. Dado que falo sobre o meu ponto de vista (ainda não sou suficientemente esquizofrénica para me desdobrar em heterónimos que não os nominais) e não tenho tempo nem paciência para actualizar diariamente o blog (parece que os homens, por decerto ausência de actividades domésticas, o fazem), sou indubitavelmente do sexo feminino. Andava há mais de um ano inquieta com a minha fisionomia que contrariava a prova científica, agora posso estar tranquila com a existência de ovários que me tornam escrava não apenas das hormonas como dos meus pontos de vista.


Querem intervenção, cidadania, debate e troca de conhecimentos? Vão bater a outra porta, aqui vive uma gaja. Que fala de si, dos outros, dos conhecidos e desconhecidos, de moscas, empreendorismos, ordenamento do território, da condição social, mas sempre sem conversar com outros, sem pensar e sobretudo sem intervir, Deus me livre. É que para intervir há que tê-los e no sítio, e pelos vistos ler muitos jornais para ter opinião. Eu leio a newsletter do portal do cidadão e é um pau.



Uso saltos altos, cabelo comprido, unhas arranjadas, pinto os olhos, posso lá eu ter tempo entre a depiladora e umas receitas de bacalha à brás, nos dias em que não vou ao salão erótico, para escrever sobre coisas sérias. E sobre temas que façam pensar.



Hoje houve alguém que aqui veio dar procurado no google por respostas curtas parvas e idiotas. Nunca este blog foi tão bem definido.




quarta-feira, novembro 12, 2008

O primeiro baile da D. Ester

Tínhamos 11 anos e andávamos na mesma escola preparatória. Ele chamava-se Tiago e tinha uns olhos lindos, escuros e de pestanas pretas longas. Não éramos da mesma turma, mas com tanta sorte uma das minhas amigas já da primária era sua vizinha de prédio e assim fomos apresentados no recreio. A intermediária garantia-me que ele gostava de mim, devia fazer o mesmo com o rapaz, o que nos deixava embaraçados sempre que estávamos juntos. Um dia deixei-me estar sentada ao seu lado no muro depois dos outros terem ido brincar, nenhum de nós conseguia falar muito e ele ia raspando a pele da mão esquerda com um pauzinho. Pedi-lhe para ver o que tinha feito, ele não queria o que apenas aguçou a minha curiosidade. Insisti, puxei-lhe o braço, e de repente tinha a sua mão na minha e vi o meu nome cravado na pele dentro de um coração. Corámos ambos, encolhemos os ombros, e fomos a sorrir para casa.

A minha amiga fez anos e fomos ambos à festa. Pusémo-nos a ouvir música no gira discos, os singles e os LP. Começaram os slows, e eu sentada na cama morta de vontade de ser pedida para dançar. Com o Up where we belong ele ganhou coragem - levantou-se e estendeu-me a mão. Entre os risinhos dos outros levantei-me, pus-lhe as mãos nos ombros, as dele na minha cintura e embalámo-nos ao som da rouquidão do Joe Cocker. Com o andar das estrofes fomo-nos aproximando devagarinho, timidamente. Ele apertava os braços à minha volta e eu os meus no seu pescoço, encostámos finalmente as caras e deixamo-nos a disfrutar o momento, a primeira dança a dois. Nem démos pela música acabar, puseram logo outra e nós ali continuámos, abraçados pela primeira vez sem vergonha para quem nos quisesse ver, até que mais ninguém repôs música e reparámos que se tinham cansado todos menos nós. Acordámos do nosso estupor, desembaraçámo-nos dos corpos um do outro e pouco tempo depois despedimo-nos.

No ano seguinte mudei de bairro e nunca mais o voltei a ver. Sempre que oiço a música lembro-me desse amor inocente, vivido por inteiro nessa dança.

segunda-feira, novembro 10, 2008

Ídolos - infância

O primeiro homem desconhecido que adorei era gordo, tinha barbas e óculos e idade para ser meu pai. Edipiana me confesso, mas não foi pela aparência que ele me conquistou, entranhou-me pelos ouvidos.

As letras que ele imaginava e as música que compunha para as acompanhar faziam-me ficar em silêncio durante horas, e ouvi-las vezes sem conta. Tinha a certeza (ainda tenho, no fundo) que algumas foram escritas só para mim, que mas dedicava num segredo que era nosso e que guardava à vista de todos.

Para além dos LP e dos singles, obriguei o meu pai a repetir um espectáculo teatral ad nausea para ouvir as suas palavras.

A minha maior alegria ao ter-me licenciado não foi ter acabado essa parte do percurso de vida, ou começar finalmente a ser paga pelo que fazia. Foi ter a sua assinatura no meu diploma, fiquei durante horas a contemplá-lo numa alegria infantil e interior.

Das vezes em que me cruzei com ele na vida real fui sempre incapaz de proferir uma palavra, ficando em muda e queda admiração da criatura como quando vi pela primeira vez o David Bowie ou o Prince ou o Sting... que digo? Mais, muito mais.

Não há amor como o primeiro. Lembro-me do natal em que recebi o LP do macaco zacarias, aos pulos e gritos na cama dos meus pais, "vejam vejam, o que o pai natal me trouxe! Como é que ele soube que era mesmo isto que eu queria?"
















O meu primeiro amor foi o José Barata Moura

Este não é um post de parabéns



Bacalhau à Brás (4 pessoas)

Ingredientes:
750 g de bacalhau demolhado (duas ou três postas)
750 g de batatas - ou 1 pacote grande de batata palha
1/2 kg de cebolas (duas médias grandes)
3 1/2 dl de azeite (a olho)
1 alho (um dente ou dois)
6 ovos (para aí)
salsa picada, sal e pimenta q.b.

Receita:

Escalda o bacalhau, (põe-no no escorredor e faz passar água quente), tira-lhe as peles e espinhas e desfia.

Pica as cebolas e o alho, aloura em azeite quente no tacho metalizado (até ficarem com ar opaco e mole).

Junta o bacalhau, dzzzz dzzz, até achares que está (quando fica com ar meio cozinhado mas sem estar espapassado, mexe, põe a tampa e deixa ficar um bocado).

Atira as batatas palha, zuca zuca, mexe mexe, até ficarem moles e uma coisa homogénea (deixa ficar um bocado, com a tampa também).

Bate os ovos na taça redonda nº 2, junta pimenta e um nadinha de sal (não te esqueças de provar o bacalhau, para ver como ficou demolhado).

Quando já tiveres os convidados todos em casa podes atirar os ovos para a mistura preparada, mexe mexe sem deixar secar mas até aos ovos estarem agarradinhos ao resto da matéria prima.

Põe numa travessa e enfeita com as azeitonas e a salsa que já deixaste picada na tábua azul.

sábado, novembro 08, 2008

Snobeira

Comer atum de lata com garfo de peixe

sexta-feira, novembro 07, 2008

Ainda o purgatório

Não sei o que significa entregar a vontade e a vida a uma entidade que não se vê. Sei que passamos os primeiros anos sob os desígnios dos pais, contra os quais nos rebelamos na adolescência e com quem, com sorte e maturidade, fazemos as pazes na vida adulta e podemos finalmente viver a relação em pleno.

Quando a personalidade se constrói em alicerces virtuais, em fachadas para não mostrar fraquezas, quando se tem medo de mostrar o lado frágil, vulnerável, magoável, come as possibilidades de humildade e gratidão necessários ao amor incondicional.

Depois de partir tudo à volta, tudo mesmo, esperar sair renovado mas que nos levem ao colo sem que tenhamos de pedir - sem perceber que os braços são de fraco músculo para tanto peso - vem a ansiedade, a insatisfação, o síndrome calimero a quem todo o mundo deve mas não parecem saber como dar.

Estou aflita, tenho medo, vejo padrões repetidos e que queria ver desaparecidos.

Não quero que voltes a ser aquele que eras, quero nunca mais ver o que foste. Quero-te agora como realmente és, com as qualidades que já conheço mas também com os defeitos e fraquezas que andaste habilmente a esconder durante tanto tempo. Uma pessoa inteira.

O problema da adicção não são as drogas ou o álcool, são os mecanismos que levam a pensar que se é melhor com uma consciência que não é a sua. Triste logro. Por muito mau que se possa ver ao espelho da alma, a realidade é sempre melhor que a ficção.


Salve, Rainha, mãe de misericórdia, vida, doçura, esperança nossa, salve!

Procura-se

No programa de um fórum sobre empreendorismo, está previsto entre dois painéis a palestra:

Onde encontrar algum optimismo na actual conjuntura? - personalidade a designar

quinta-feira, novembro 06, 2008

Conversa de rua

- De cada vez que passo por cima de uma tampa de esgoto, como esta, penso sempre - será hoje? Tu não?

- A partir de hoje, sim.

quarta-feira, novembro 05, 2008

Dedicada ao outro lado do Atlântico

Sim, ele conseguiu. Depois do pesadelo de há 8 anos atrás, a mudança radical chegou aos EUA. Para todos os que acreditam que um mundo melhor é possível, começando com as suas duas mãos.


Um homem que afirma "I will listen to you, especially when we disagree", tem toda a minha atenção. Para ele e todos os que acreditam e lutam para que as coisas sejam diferentes, Ben Harper (filho de um mestiço preto/cherokee e de uma branca judia) parece-me o mais apropriado.


terça-feira, novembro 04, 2008

Saudades do verão

Com o início do frio e do acender dos aquecedores, chegam-me saudades do Verão. Férias quentes, o areal só para nós, o mar que cuspia ondas mansas, a serra mesmo ali ao lado, o cheiro da terra que se nos emprenhava no caminho para casa, o fim da tarde no alpendre e os duches ao ar livre.

Saudades de mim em ti.


segunda-feira, novembro 03, 2008

Erotismo em Lisboa


Salão erótico, FIL, Lisboa, domingo à tarde. A entrada era cara, com desconto para estudantes e reformados. A maior parte dos que por lá andava não era nenhuma das duas coisas.

Música muito alta, vinda dos inúmeros palcos de bares de strip a quererem chamar a clientela para os atributos e habilidades das suas meninas, alguns com homens hipermusculados com protuberâncias mais pequenas que as das esculturas gregas atrás das tangas apertadas, com convenientes aberturas fáceis laterais.

As mulheres que vão ao salão arranjam-se mais do que nos outros dias, botas de cano alto especiais, saltos altos, roupa de festa. Como se quisessem assegurar-se que os homens que as levam pelo braço não olharão mais para as desnudas beldades que para elas. Eles não perderam muito tempo com a vestimenta própria.

Delegações de sex shops que ofereciam quase todas o mesmo, com anunciados descontos a tentar escoar os produtos que as pessoas viam sem tocar, com olhares gulosos e dedos tímidos. Televisões com filmes porno, ao lado dos escaparates onde estavam à disposição por poucos euros, surpreendiam-me até a mim, com pilas ampliadas a meio metro a entrarem em vaginas depiladas, as caras das raparigas em esgares de esforço, como maratonistas cansadas a dez quilómetros da meta.

Como não conseguiam controlar os fotógrafos furtivos, era permitido registar o que quer que fosse. Cada vez que havia um show mais ousado parecia que estávamos numa conferência de imprensa de um estadista importante, com dezenas de objectivas apontadas e flashes incessantes. As trabalhadoras do sexo sorriam para a câmara, abraçadas aos visitantes que se queria imortalizar ao seu lado na película virtual. Afastavam-se como sorrisos triunfantes a verificar no ecranzinho da máquina se o decote tinha ficado bem centrado.

Numa loja elegante e bem arranjada, onde os brinquedos sexuais eram tão bonitos que poderiam facilmente passar por objectos decorativos em qualquer centro de mesa, interessei-me por um espartilho de brocado verde. Fiz perguntas aos donos da loja, experimentei, aconselhei-me, conversei como em qualquer outro sítio. Ficaram tão surpreendidos com a minha tranquilidade que se ofereceram para me descontar metade do preço, conquistando a minha felicidade em várias frentes.





Fiquei contente por ver uma barraca que se dedicava à educação sexual, distribuindo preservativos a quem passasse.

Cruzei-me com pessoas conhecidas, que ficavam entre o embaraço do encontro e a curiosidade com o meu saco de compras, mas sem coragem para perguntar sobre o seu conteúdo. Apressavam-se a ridicularizar cenas ou objectos que tinham visto, com risos nervosos e a afungentar qualquer ideia com que eu pudesse ficar sobre a sua intimidade. Vamos já embora, garantiam-me. Eu continuava divertida a ver as roupas interiores e a perguntar sobre o uso de formas inidentificáveis à vista desarmada, a empregadas solícitas e disponíveis. Oferecemos 30% de desconto e uma bússola, atiravam em jeito de oferta irrecusável.


Achei curioso que apenas no espaço de bdsm se vendessem quadros (horripilantes, mas para o caso não interessa), livros sobre sexualidade, e informação sobre o que é são, seguro e consensual. Como se só quem gostasse de andar na corda bamba íntima se preocupasse com os porquês e como das coisas.

sexta-feira, outubro 31, 2008

O cúmulo do disparate

Por engano enviar um mail para mim mesma, e clicar sim para o recibo de leitura.

O estado a que chegaram

"Há diversas modalidades de Estado: os estados socialistas, os estados corporativos e o estado a que isto chegou! Ora, nesta noite solene, vamos acabar com o estado a que chegámos. De maneira que quem quiser, vem comigo para Lisboa e acabamos com isto. Quem é voluntário sai e forma. Quem não quiser vir não é obrigado e fica aqui" disse o capitão Salgueiro Maia para animar as hostes da Escola Prática de Cavalaria em Santarém, na famosa madrugada de 74.

Este é o estado a que chegaram os Estados Unidos da América. E usando das novas tecnologias, em vez de uma revolução propoem o acto cívico de exercer o direito ao voto. Pronto, é tendencioso. O voto é secreto, mas pensem nas pobres moscas.


quarta-feira, outubro 29, 2008

Vai buscar quem mora longe, sonho meu

Há meses tive um sonho perturbante, e de todas as vezes que me lembro dele entre risos do ridículo fico muito preocupada com o meu inconsciente.

Estava algures num bar entre a praia e a serra, imagino que na Arrábida. De repente aparece-me o Daniel Oliveira (que eu nunca vi mais gordo, a não ser de dedo em riste nos debates do prós e contras a defender o sim ao referendo sobre o aborto). O pobre senhor no meu sonho encantava-se por mim e não me largava dizendo que tínhamos de ter filhos juntos, "D. Ester já pensaste bem, os meus genes e os teus são uma combinação perfeita!" E apartir daí todo ele era mãos de polvo e olhares gulosos, e eu de repente sem vontade nenhuma de maternidade com tão insólita proposta.

Depois havia um anfiteatro, aulas na Universidade, uma ameaça de bomba atómica, uma crise mundial, e o Daniel Oliveira sempre ali. Não sei se ele era dos bons ou dos maus, mas se continuava a querer dar descendência ao mundo com os seus espermatozóides fundidos nos meus óvulos ou tinha uma agenda escondidada de nova arca de noé ou devia ser uma espécie de Jack Bauer omnipresente.

domingo, outubro 26, 2008

Pai, afasta de mim essa mosca

Mata-moscas, Philip Starck


Há muitos comentários inflamados sobre as declarações da Sarah Palin sobre o dinheiro mal gasto pelo governo, em coisas tão parvas como a mosca do vinagre, sublinhando as palavras fruit fly com sarcasmo - com a maralha por trás a rir-se do assunto com ela, e a dar-lhe o mote para continuar a chalaça com "não estou a brincar, há mesmo gente que trabalha com moscas da fruta!"



Eu ouvi as declarações sem saber o que me esperava, e o que me arrancou foi uma sonora gargalhada. Há muito tempo que não ouvia uma piada tão bem esgalhada, melhor que os gato fedorento com a rábula do fico chateado, pois claro que fico chateado. Desconfio é não ter sido pelos mesmos motivos que a assistência da Sra. Palin. É que com tanta investigação risível que se faz nos EUA e no mundo, foi logo buscar o pior exemplo de todos, dado que a Drosophila melanogaster a que ela se refere com tanto desprezo é dos bichos mais precisoso para a humanidade e para o conhecimento que temos tanto de genes, cromossomas, células, diferenciação celular... os exemplos são de tal forma tantos que nem vale a pena elencar todos. (para informação mais detalhada, a Palmira Silva explica e conta as reacções de várias pessoas 1, 2, 3)


No entanto, não sei se hei de rir dela ou dos seus assessores. É que alguém lhe plantou esta brilhante ideia na cabeça, e não creio que a senhora tenha chegado sozinha à Drosophila. Já agora o C. elegans, que é uma minhoca nojenta, ou as E. coli que dão diarreias aos incautos, ou, porque não, o macaco Rhesus. E as cobaias? Não, vamos bater nos murganhos, toda a gente sabe que os ratos passam doenças terríveis, quem é que no seu perfeito juízo tem ratos no laboratório? Nada disto, vamos governar a investigação científica como misses universo, não interessa para nada compreender os processos, evitá-los ou tratá-los, vamos dar de comer aos pobres e cuidar dos miúdos. Grande é a poesia, a bondade e as danças, mas o melhor do mundo são as crianças.

sexta-feira, outubro 24, 2008

Alzheimer

Ao almoço ocorreu-me um texto curto e bem humorado para o blog. Quando cheguei ao computador não me lembrava sequer sobre o que era.

E agora, o que havemos de fazer?

quarta-feira, outubro 22, 2008

Sobe que sobe, sobe a calçada

Antes das oito da manhã o portão da escola já tem mães com os filhos pequenos à espera que o venham abrir. São mulheres que têm de entrar cedo ao trabalho e precisam de ter onde os deixar. Têm todos caras ensonadas, os pequenos e as grandes; não há homens entre elas, apenas o ar cansado de quem repete todos os dias o mesmo ritual. Deixam os filhos na escola pública, vão a correr para casa das senhoras que têm de arranjar o cabelo e o talleur e lhes confiam os bebés, que elas não podem criar porque têm de ir para a empresa. Uma cadeia autofágica, ainda não percebi quem ganha mais.

Uma amiga minha tem uma pme de duas empregadas e motorista, será que alguma vez reparou nas caras delas de manhã, nas caras dos seus filhos que ficam mais horas que os outros à espera delas no páteo?

Numa conferência sobre o Ensino Superior fiquei a saber que quem chumbou alguma vez no secundário tem nulas hipóteses de entrar no superior; que os filhos das classes médias são 7 para 1 dos do proletariado nas faculdades, e prevê-se que esse número suba para 12:1 nos próximos 10 anos.

Para onde sobe Luísa?

segunda-feira, outubro 20, 2008

You can tell by the way I (don't) use my walk

Leio aqui que fizeram um estudo sobre a influência dos beats per minute da música na manobra de resuscitação cardio-respiratória, tendo chegado à brilhante conclusão a publicar em breve, que o Stayn' Alive dos Bee Gees é a que melhor se adequa para ajudar a salvar vidas de forma mais eficiente. Para além de ser um fortíssimo candidato aos Ignóbeis do próximo ano, temo a forma que usaram para chegar a essa conclusão. Olha, com este usámos o vou levar-te comigo do Duo Ouro Negro e o gajo quinou, se calhar é melhor uma coisa mais a abrir. O Waterloo também não serve, este teve uma síncope e começou a espumar da boca a dizer Mamma mia outra vez não.

Dizem que é da batida, mas a mim cheira-me que é da letra. Se um dia me encontrar estendida no chão entre cá e lá, e sentir um latagão a enfiar-me as mãos pelas costelas abaixo da mama esquerda adentro, enquanto repete

Whether you're a brother or whether you're a mother,
you're stayin' alive, stayin' alive.
Feel the city breakin' and everybody shakin',
and we're stayin' alive, stayin' alive.
Ah, ha, ha, ha, stayin' alive, stayin' alive.
Ah, ha, ha, ha, stayin' alive.

Sou capaz de pensar, porra estou a patinar. É melhor fazer qualquer coisa. E começo então

Life goin' nowhere. Somebody help me.
Somebody help me, yeah.
Life goin' nowhere. Somebody help me.
Somebody help me yeah. Stayin' alive.