1127º pontinho vermelho a contar da esquerda.
quarta-feira, dezembro 31, 2008
quinta-feira, dezembro 25, 2008
Há algo de podre na república federada presidencial
quarta-feira, dezembro 24, 2008
terça-feira, dezembro 23, 2008
domingo, dezembro 21, 2008
Mais sabedorias
Nanni Moretti ao Ypsilon, a propósito da mudança dos seus argumentos e personagens ao longo dos anos. Chegando agora ao Caos calmo.
sexta-feira, dezembro 19, 2008
Interrogações
quarta-feira, dezembro 17, 2008
Percebo que estou a exagerar
terça-feira, dezembro 16, 2008
segunda-feira, dezembro 15, 2008
Mais pontos de vista
A Jonasnuts decompôs a origem da história, a Joana Lopes comentou-a e eu debruçar-me-ei agora sobre as conclusões de um estudo sobre blogosfera que podem ser lidas aqui.
Como podem verificar pelo que a Jonas escreveu, a amostra de bloggers foi recolhida através dos links e comentários de um único blog, o que introduz aquilo que se chama viés num estudo. Ou seja, não se consegue ter uma amostra representativa da população que se pretende caracterizar (no caso os bloggers do Minho) apenas pelos que têm afinidades com uma pessoa só - a não ser que se parta do pressuposto que TODOS os bloggers do Minho estão linkados no dito blog e comentaram nos seus posts, em especial onde se discute esse tema transversal "petição pelo regresso do eléctrico".
Pois, às tantas as bloggers minhotas interessam-se mais por temas nacionais.
É contar e catalogar: dos 9 que podem ser considerados de intervenção, 4 contam com mulheres na equipe. E entre os que falam de temas menos, hum, prementes, temos o wrestling galaxia a par e passo com o blog de artesanato. E Deus criou a mulher por oposição a crianças, jovens e adolescentes. A escolha é variada.
– Será correcto falar de blogues femininos e masculinos? Porque é que muitas escondem a sua ‘verdadeira identidade’ sob a capa de nicknames?
Verdadeira identidade entre aspas porquê? Pelo que leio, tanto homens como mulheres usam nicknames para assinar o que escrevem e o que comentam. Por uma razão muito simples: privacidade. E assim de cabeça, lembro-me de tantas mulheres como homens que assinam com nome e apelido. Entre as quais duas das autoras do estudo, que também blogam assumidamente. Mas não pretendo que os meus conhecimentos blogosféricos sejam representativos da realidade, haveria que fazer um levantamento completo. Decerto seria surpreendente para algumas pessoas.
– Será que a blogosfera está a funcionar como um mecanismo de reprodução dos estereótipos que foram sedimentados durante séculos? Ou poderemos encarar os blogues como ferramentas que estão a operar uma mudança social?
Eu tinha achado o estudo divertido, engraçado, despretensioso, com vontade de integrar contributos para aumentar e melhorar o seu alvo, tornando-o eventualmente uma referência interessante. No entanto, ao fim da segunda apresentação pública sem revisão dos seus princípios e continuando a responder em tom jocoso às pessoas que questionam as suas bases não é uma forma séria de fazer aquilo que se propoem - ciência. Pronto, ciência social, mas ainda assim.
domingo, dezembro 14, 2008
Violência doméstica
sábado, dezembro 13, 2008
A pin-up
Depois de ter experimentado ser professora primária e secretária, descobriu que podia ganhar muito mais dinheiro como modelo fotográfica. Um dos primeiros conselhos que lhe deram foi de tapar a enorme testa, e assim o cabelo pelos ombros e a franjinha tornaram-se a sua marca.
Para mais, há a wikipedia e a sua página oficial.
sexta-feira, dezembro 12, 2008
Fomos roubados
(a nossa é de 1986, a dele de 1999)
Armagedão
cortada daqui
quinta-feira, dezembro 11, 2008
Citius, altius, fortis
Na casa de banho
- Na minha revista temos uma única regra editorial, não podemos escrever nada que uma pessoa normal não consiga ler durante o tempo de uma cagadela. Estou farto que todo o meu trabalho seja lido na casa de banho.
quarta-feira, dezembro 10, 2008
Ignorante
Como se nada fosse II
- Está tudo bem consigo? E o Francisco, começaram a pensar em ter bebés?
- Ahm, eu já não estou com o Francisco, agora estou com o Manuel. Não vinha cá há algum tempo.
- Ah, está bem
Retira um bocado de autocolante dos cantos das vinhetas, cola em cima do que tinha escrito na ficha, e de caneta em riste pergunta impávido
- Manuel quê?
Como se nada fosse I
- Hoje a Madalena deixou-me um bilhete a dizer que gosta de mim e quer ser a minha namorada
- E tu o que fizeste?
- Nada, continuei com a minha vida.
segunda-feira, dezembro 08, 2008
sábado, dezembro 06, 2008
Editora por um dia - as minhas horas de contemplação
Que mulheres gostaria eu de contemplar, foi a pergunta que me pus para lhe poder responder (e aos seus leitores que apreciam os corpos e as caras das que por lá se passeiam, uma espécie de parede de quarto adolescente com os objectos de desejo em volta da cama de pessoa só transmutado em ecran de pc). Fiz uma viagem pelas mulheres da minha vida, das que desejei ser, as que invejei, as que me prenderam a retina até hoje. Depois de lhe ter enviado as escolhas e os motivos comecei a descobrir em mim pedaços delas que fui incorporando sem me dar conta, na minha maneira de andar na rua, de me sentar, de me relacionar com os outros, e nas roupas que escolho. Um processo divertido de auto-conhecimento, que não posso deixar de lhe agradecer, uma espécie de viagem pela minha memória cinematográfica. Chamei-lhe "as mulheres que desejei ser".
Liv Ullmann, a segurar a cabeça da Bibi Andersson
A Cyd Charisse, com os números mudos na Serenata à chuva pôs em duas pernadas a bem comportadinha Debbie Reynolds a um canto. O curto vestido verde a deixar ver as pernas mais bonitas do cinema, numa dança lânguida com o homem com quem sempre desejei casar, fizeram dela a primeira sex symbol que me tocou. Provocadora, teaser, sem lhe dar o que ele queria – apenas a possibilidade de algo que nunca se concretizaria. Depois num sonho de véu branco, descalça e de tiara contrapunha-se como suprasumo do bom gosto e vulnerabilidade entregue.
As mulheres de Hitchcook eram todas bonitas, mas que apenas actuavam por reacção ao que se passava à sua volta. Até que vi o To catch a thief, onde Grace Kelly brilhava em todo o seu esplendor, carregando a solução do mistério que apenas ela conhecia. A cara doce contradizia o modo como guiava por Monte Carlo fora, assustando o intrépido Cary Grant e mostrando-lhe quem tinha o protagonismo do filme. Por causa dela apropriei-me de uns óculos escuros vintage, e passeava-me de echarpe sobre os cabelos e ar misterioso, cultivando um aspecto distante e a enganar quem me queria julgar pela inocência da minha aparência.
A Claudia Cardinale estava magnífica no vestido branco que levou ao baile no Gattopardo. E como enfermeira no 8 e 1/2. Mas foi no Soliti ignoti, jóia escondida atrás de portas trancadas, que mais a gostei de encontrar – até porque a vi inúmeras vezes, enquanto me ria com os disparates dos maltrapilhos das ruas de Roma.
A Monica Vitti, com a sua voz rouca e arrastada, e um subtexto de mulher irascível que eu já suponha ter em mim, fazia parte do pato com laranja que levantou tanta polémica ao ser passado na RTP nessa altura. Quando a descobri como Modesty Blaise, uma das minhas heroínas preferidas, conquistou-me definitivamente.
sexta-feira, dezembro 05, 2008
Más notícias para o HIV
Os linfócitos helper, ou auxiliares, têm funções peculiares na defesa imunitária dos indivíduos. Não matam nada, mas ajudam a fazê-lo. Quando identificam células estranhas ou infectadas por vírus ou bactérias chamam as demais para fazer o trabalho sujo por si. Ora, se estiverem carregadinhas de HIV não conseguem cumprir as suas funções, o que faz com que as pessoas que passam de seropositivas (uma leve carga de HIV que não ataca de forma ostensiva os linfócitos) a doentes (com HIV capaz de invadir um grande número de CD4, eliminando-os) não sejam capazes de combater coisas tão simples como um vírus da gripe ou uma caganeira por excesso de E. coli - e é assim que a SIDA, doença cobarde, não mata mas mói o suficiente para nos deixar quinar com uma constipação.
Normalmente usam-se vários destes fármacos, para que a sua combinação permita que se impeça de forma mais eficaz a entrada e/ou replicação do vírus.
Já há algum tempo se sabe que há pessoas infectadas com o HIV e que nunca desenvolvem a doença, sem sequer precisarem destes fármacos, são apenas 0.2% da população infectada e mereceram por isso toda e a melhor atenção dos investigadore na área. Hoje sabe-se porquê, o que abre as portas para uma melhor terapia e, quem sabe, uma vacina.
Para além dos linfócitos helper, os CD4, temos também os que matam células sinalizadas como infectadas - chamam-se por isso citotóxicos, CD8 em sigla menos amigável. Qualquer seropositivo tem CD8 capazes de matar os CD4 infectados com o HIV, mas algures no caminho deixam de ser capazes de o fazer. Acontece que nesses afortunados 0.2% os CD8 não deixam de cumprir as suas funções, conseguindo assim manter como raridade de museu os CD4 infectados, sem no entanto os eliminar completamente. Ainda não se sabe porquê, mas fica-se a saber que a resposta pode estar a um CD8 de distância.
A mais bonita, mesmo a mais bonita, não é como a tua mãe, é daquelas assim tão bonitas que até hum... sabes quais é que são?
O meu coração tem mais quartos que um bordel, numa das suites está confortável com o seu piano que andou a beber o Tom Waits. I hope that I don't fall in love with you.
O Charles Aznavour a repetir you are the one for me, for me, for me, formidable com a minha família inteira, o meu tio a fazer-me rodopiar no meio da sala.
Qualquer uma do Frank Sinatra, mas a minha preferida é at the sands fly me to the moon. This man here is gonna take me by the hand and lead me down the right path to righteousness and all that other mother jazz, in the right tempo.
A voz do Cohen seduz qualquer uma, a declaração de quão meu homem quer ser deixa-me sem resposta possível. Mas que queira dançar até ao fim do amor, ninguém pode recusar. Dance me very tender and dance me very long.
Para acabar, fica a pirosada divertida da Mina e o Celentano, a coppia piu' bella del mondo.
No dia dos meus anos
E do meu eu nas férias do verão, de dias em que fui feliz através dos teus olhos
terça-feira, dezembro 02, 2008
Educação
segunda-feira, dezembro 01, 2008
Modernices
Solidariedade - nº 3569
Na escola um professor pede aos meninos que elenquem os animais que voem. Um levanta o braço e responde "crocodilo"
domingo, novembro 30, 2008
A aranha
sexta-feira, novembro 28, 2008
O amor em lugares estranhos
Quando encontrei o rapaz no elevador com o pai disse-lhe que tinha recebido os seus desenhos, agradeci-lhe sublinhando com um sorriso. Ele corou até à raiz dos cabelos sob a expressão espantada do pai, nem conseguiu responder. Fiquei com sentimento de culpa por lhe ter partido o coração com a insensibilidade da minha revelação pública. De vez em quando olhava para a varanda mas não voltaram a aparecer os recados.
quinta-feira, novembro 27, 2008
Do lugar onde estou já me fui embora
Problema de expressão
Daqui a 10 anos, quando olhar para mim como sou agora, ver-me-ei decerto magnífica. Pena esta coisa de me apreciar ao ralenti.
quarta-feira, novembro 26, 2008
Bicicletar por aí
A questão da inclinação de Lisboa, habilmente explicada aqui, parece-me apenas acessória à do civismo na estrada e condições lojísticas para o uso da bicicleta. Não se pode levá-la nos transportes, no comboio apenas nos urbanos, regionais e interregionais, se e só se, autorizado pelo picas de serviço - o que não é de todo um estímulo para quem precise de usar os transportes públicos em conjunto com a bicla. Convenhamos que pedalar de Mem Martins até ao centro de Lisboa é façanha apenas ao alcance de Venceslaus que têm mais que fazer que ir trabalhar para o escritório a suar em bica e a cheirar mal.
segunda-feira, novembro 24, 2008
Requisitos
De que é que trata a tese? Who cares?
domingo, novembro 23, 2008
Prazeres íntimos
(acabo sempre com uma mancha castanha na ponta do nariz)
sábado, novembro 22, 2008
Dra Ester and Mrs Hyde
quarta-feira, novembro 19, 2008
A kind of hush
A minha mãe a guiar o carro, a pôr o rádio mais alto quando esta música começava e a cantá-la arrastando o sh da frase e batendo com as mãos no volante enquanto abanava o tronco. A partir de uma certa idade tinha vergonha que a minha mãe cantasse ou dançasse em público, como todos os adolescentes. Também não gostava que ela me desse a mão ou abraçasse quando passeávamos na rua, as pessoas iam achar que eu era uma criança. Depois passou-me.
So listen very carefully.
A minha mãe era muito desafinada, daquelas que não consegue acertar com uma nota no sítio certo e que ouvida sem a música por trás fazia com que se percebesse apenas o que queria cantar pela letra. De vez em quando aborrecia-se com a troça que fazíamos e afirmava "tenho óptimo ouvido, não tenho é voz". O seu excelente ouvido fazia-a confudir o Bono com o Mark Knopfler, coisa pouca.
There's a kind of hush all over the world tonight.
Um dia descobrimos uma maneira de tornar os seus dotes canoros úteis. Quando voltávamos do campo era preciso dar banho aos gatos, actividade que eles detestavam e da qual fugiam como podiam. Em desespero de causa a minha mãe começou a cantar para os tranquilizar e teve como efeito o congelamento imediato de todos os seus músculos - os bichos ficavam agachados, de orelhas para trás e rabo no meio das patas com o comprimento de onda ímpar da sua voz, se tentava uma nota mais aguda quase colavam a barriga ao alguidar. O banho dos gatos tornou-se num espectáculo familiar hilariante, e um regozijo para a autora da minha existência que via finalmente aplaudidas (ainda que de forma peculiar) as suas características vocais.
So listen very carefully.
Hoje vinha a guiar e deu esta música na rádio e estas memórias saltaram todas. Comecei a cantar e a sorrir. Enquanto houver quem se lembre de nós estamos vivos.
There's a kind of hush all over the world tonight.
terça-feira, novembro 18, 2008
Informações: senha verde
No entanto, não posso deixar de sentir uma pontada de vaidade ao descobrir que sou a 9ª entrada em 275.719 por erotismo em blogs. Ora toma.
segunda-feira, novembro 17, 2008
Estatisticamente significativo
sexta-feira, novembro 14, 2008
Pontos de vista
Hoje houve alguém que aqui veio dar procurado no google por respostas curtas parvas e idiotas. Nunca este blog foi tão bem definido.
quarta-feira, novembro 12, 2008
O primeiro baile da D. Ester
A minha amiga fez anos e fomos ambos à festa. Pusémo-nos a ouvir música no gira discos, os singles e os LP. Começaram os slows, e eu sentada na cama morta de vontade de ser pedida para dançar. Com o Up where we belong ele ganhou coragem - levantou-se e estendeu-me a mão. Entre os risinhos dos outros levantei-me, pus-lhe as mãos nos ombros, as dele na minha cintura e embalámo-nos ao som da rouquidão do Joe Cocker. Com o andar das estrofes fomo-nos aproximando devagarinho, timidamente. Ele apertava os braços à minha volta e eu os meus no seu pescoço, encostámos finalmente as caras e deixamo-nos a disfrutar o momento, a primeira dança a dois. Nem démos pela música acabar, puseram logo outra e nós ali continuámos, abraçados pela primeira vez sem vergonha para quem nos quisesse ver, até que mais ninguém repôs música e reparámos que se tinham cansado todos menos nós. Acordámos do nosso estupor, desembaraçámo-nos dos corpos um do outro e pouco tempo depois despedimo-nos.
No ano seguinte mudei de bairro e nunca mais o voltei a ver. Sempre que oiço a música lembro-me desse amor inocente, vivido por inteiro nessa dança.
segunda-feira, novembro 10, 2008
Ídolos - infância
As letras que ele imaginava e as música que compunha para as acompanhar faziam-me ficar em silêncio durante horas, e ouvi-las vezes sem conta. Tinha a certeza (ainda tenho, no fundo) que algumas foram escritas só para mim, que mas dedicava num segredo que era nosso e que guardava à vista de todos.
Para além dos LP e dos singles, obriguei o meu pai a repetir um espectáculo teatral ad nausea para ouvir as suas palavras.
O meu primeiro amor foi o José Barata Moura
Este não é um post de parabéns
Bacalhau à Brás (4 pessoas)
Ingredientes:
750 g de bacalhau demolhado (duas ou três postas)
750 g de batatas - ou 1 pacote grande de batata palha
1/2 kg de cebolas (duas médias grandes)
3 1/2 dl de azeite (a olho)
1 alho (um dente ou dois)
6 ovos (para aí)
salsa picada, sal e pimenta q.b.
Receita:
Escalda o bacalhau, (põe-no no escorredor e faz passar água quente), tira-lhe as peles e espinhas e desfia.
Pica as cebolas e o alho, aloura em azeite quente no tacho metalizado (até ficarem com ar opaco e mole).
Junta o bacalhau, dzzzz dzzz, até achares que está (quando fica com ar meio cozinhado mas sem estar espapassado, mexe, põe a tampa e deixa ficar um bocado).
Atira as batatas palha, zuca zuca, mexe mexe, até ficarem moles e uma coisa homogénea (deixa ficar um bocado, com a tampa também).
Bate os ovos na taça redonda nº 2, junta pimenta e um nadinha de sal (não te esqueças de provar o bacalhau, para ver como ficou demolhado).
Quando já tiveres os convidados todos em casa podes atirar os ovos para a mistura preparada, mexe mexe sem deixar secar mas até aos ovos estarem agarradinhos ao resto da matéria prima.
Põe numa travessa e enfeita com as azeitonas e a salsa que já deixaste picada na tábua azul.
sábado, novembro 08, 2008
sexta-feira, novembro 07, 2008
Ainda o purgatório
Não sei o que significa entregar a vontade e a vida a uma entidade que não se vê. Sei que passamos os primeiros anos sob os desígnios dos pais, contra os quais nos rebelamos na adolescência e com quem, com sorte e maturidade, fazemos as pazes na vida adulta e podemos finalmente viver a relação em pleno.
Quando a personalidade se constrói em alicerces virtuais, em fachadas para não mostrar fraquezas, quando se tem medo de mostrar o lado frágil, vulnerável, magoável, come as possibilidades de humildade e gratidão necessários ao amor incondicional.
Depois de partir tudo à volta, tudo mesmo, esperar sair renovado mas que nos levem ao colo sem que tenhamos de pedir - sem perceber que os braços são de fraco músculo para tanto peso - vem a ansiedade, a insatisfação, o síndrome calimero a quem todo o mundo deve mas não parecem saber como dar.
Estou aflita, tenho medo, vejo padrões repetidos e que queria ver desaparecidos.
Não quero que voltes a ser aquele que eras, quero nunca mais ver o que foste. Quero-te agora como realmente és, com as qualidades que já conheço mas também com os defeitos e fraquezas que andaste habilmente a esconder durante tanto tempo. Uma pessoa inteira.
O problema da adicção não são as drogas ou o álcool, são os mecanismos que levam a pensar que se é melhor com uma consciência que não é a sua. Triste logro. Por muito mau que se possa ver ao espelho da alma, a realidade é sempre melhor que a ficção.
Salve, Rainha, mãe de misericórdia, vida, doçura, esperança nossa, salve!
Procura-se
Onde encontrar algum optimismo na actual conjuntura? - personalidade a designar
quinta-feira, novembro 06, 2008
Conversa de rua
- A partir de hoje, sim.
quarta-feira, novembro 05, 2008
Dedicada ao outro lado do Atlântico
Um homem que afirma "I will listen to you, especially when we disagree", tem toda a minha atenção. Para ele e todos os que acreditam e lutam para que as coisas sejam diferentes, Ben Harper (filho de um mestiço preto/cherokee e de uma branca judia) parece-me o mais apropriado.
terça-feira, novembro 04, 2008
Saudades do verão
segunda-feira, novembro 03, 2008
Erotismo em Lisboa
As mulheres que vão ao salão arranjam-se mais do que nos outros dias, botas de cano alto especiais, saltos altos, roupa de festa. Como se quisessem assegurar-se que os homens que as levam pelo braço não olharão mais para as desnudas beldades que para elas. Eles não perderam muito tempo com a vestimenta própria.
Delegações de sex shops que ofereciam quase todas o mesmo, com anunciados descontos a tentar escoar os produtos que as pessoas viam sem tocar, com olhares gulosos e dedos tímidos. Televisões com filmes porno, ao lado dos escaparates onde estavam à disposição por poucos euros, surpreendiam-me até a mim, com pilas ampliadas a meio metro a entrarem em vaginas depiladas, as caras das raparigas em esgares de esforço, como maratonistas cansadas a dez quilómetros da meta.
Como não conseguiam controlar os fotógrafos furtivos, era permitido registar o que quer que fosse. Cada vez que havia um show mais ousado parecia que estávamos numa conferência de imprensa de um estadista importante, com dezenas de objectivas apontadas e flashes incessantes. As trabalhadoras do sexo sorriam para a câmara, abraçadas aos visitantes que se queria imortalizar ao seu lado na película virtual. Afastavam-se como sorrisos triunfantes a verificar no ecranzinho da máquina se o decote tinha ficado bem centrado.
Numa loja elegante e bem arranjada, onde os brinquedos sexuais eram tão bonitos que poderiam facilmente passar por objectos decorativos em qualquer centro de mesa, interessei-me por um espartilho de brocado verde. Fiz perguntas aos donos da loja, experimentei, aconselhei-me, conversei como em qualquer outro sítio. Ficaram tão surpreendidos com a minha tranquilidade que se ofereceram para me descontar metade do preço, conquistando a minha felicidade em várias frentes.
Fiquei contente por ver uma barraca que se dedicava à educação sexual, distribuindo preservativos a quem passasse.
Cruzei-me com pessoas conhecidas, que ficavam entre o embaraço do encontro e a curiosidade com o meu saco de compras, mas sem coragem para perguntar sobre o seu conteúdo. Apressavam-se a ridicularizar cenas ou objectos que tinham visto, com risos nervosos e a afungentar qualquer ideia com que eu pudesse ficar sobre a sua intimidade. Vamos já embora, garantiam-me. Eu continuava divertida a ver as roupas interiores e a perguntar sobre o uso de formas inidentificáveis à vista desarmada, a empregadas solícitas e disponíveis. Oferecemos 30% de desconto e uma bússola, atiravam em jeito de oferta irrecusável.
Achei curioso que apenas no espaço de bdsm se vendessem quadros (horripilantes, mas para o caso não interessa), livros sobre sexualidade, e informação sobre o que é são, seguro e consensual. Como se só quem gostasse de andar na corda bamba íntima se preocupasse com os porquês e como das coisas.
sexta-feira, outubro 31, 2008
O cúmulo do disparate
O estado a que chegaram
Este é o estado a que chegaram os Estados Unidos da América. E usando das novas tecnologias, em vez de uma revolução propoem o acto cívico de exercer o direito ao voto. Pronto, é tendencioso. O voto é secreto, mas pensem nas pobres moscas.
quarta-feira, outubro 29, 2008
Vai buscar quem mora longe, sonho meu
Estava algures num bar entre a praia e a serra, imagino que na Arrábida. De repente aparece-me o Daniel Oliveira (que eu nunca vi mais gordo, a não ser de dedo em riste nos debates do prós e contras a defender o sim ao referendo sobre o aborto). O pobre senhor no meu sonho encantava-se por mim e não me largava dizendo que tínhamos de ter filhos juntos, "D. Ester já pensaste bem, os meus genes e os teus são uma combinação perfeita!" E apartir daí todo ele era mãos de polvo e olhares gulosos, e eu de repente sem vontade nenhuma de maternidade com tão insólita proposta.
Depois havia um anfiteatro, aulas na Universidade, uma ameaça de bomba atómica, uma crise mundial, e o Daniel Oliveira sempre ali. Não sei se ele era dos bons ou dos maus, mas se continuava a querer dar descendência ao mundo com os seus espermatozóides fundidos nos meus óvulos ou tinha uma agenda escondidada de nova arca de noé ou devia ser uma espécie de Jack Bauer omnipresente.
domingo, outubro 26, 2008
Pai, afasta de mim essa mosca
Eu ouvi as declarações sem saber o que me esperava, e o que me arrancou foi uma sonora gargalhada. Há muito tempo que não ouvia uma piada tão bem esgalhada, melhor que os gato fedorento com a rábula do fico chateado, pois claro que fico chateado. Desconfio é não ter sido pelos mesmos motivos que a assistência da Sra. Palin. É que com tanta investigação risível que se faz nos EUA e no mundo, foi logo buscar o pior exemplo de todos, dado que a Drosophila melanogaster a que ela se refere com tanto desprezo é dos bichos mais precisoso para a humanidade e para o conhecimento que temos tanto de genes, cromossomas, células, diferenciação celular... os exemplos são de tal forma tantos que nem vale a pena elencar todos. (para informação mais detalhada, a Palmira Silva explica e conta as reacções de várias pessoas 1, 2, 3)
No entanto, não sei se hei de rir dela ou dos seus assessores. É que alguém lhe plantou esta brilhante ideia na cabeça, e não creio que a senhora tenha chegado sozinha à Drosophila. Já agora o C. elegans, que é uma minhoca nojenta, ou as E. coli que dão diarreias aos incautos, ou, porque não, o macaco Rhesus. E as cobaias? Não, vamos bater nos murganhos, toda a gente sabe que os ratos passam doenças terríveis, quem é que no seu perfeito juízo tem ratos no laboratório? Nada disto, vamos governar a investigação científica como misses universo, não interessa para nada compreender os processos, evitá-los ou tratá-los, vamos dar de comer aos pobres e cuidar dos miúdos. Grande é a poesia, a bondade e as danças, mas o melhor do mundo são as crianças.
sexta-feira, outubro 24, 2008
Alzheimer
quarta-feira, outubro 22, 2008
Sobe que sobe, sobe a calçada
Uma amiga minha tem uma pme de duas empregadas e motorista, será que alguma vez reparou nas caras delas de manhã, nas caras dos seus filhos que ficam mais horas que os outros à espera delas no páteo?
Numa conferência sobre o Ensino Superior fiquei a saber que quem chumbou alguma vez no secundário tem nulas hipóteses de entrar no superior; que os filhos das classes médias são 7 para 1 dos do proletariado nas faculdades, e prevê-se que esse número suba para 12:1 nos próximos 10 anos.
Para onde sobe Luísa?
segunda-feira, outubro 20, 2008
You can tell by the way I (don't) use my walk
Dizem que é da batida, mas a mim cheira-me que é da letra. Se um dia me encontrar estendida no chão entre cá e lá, e sentir um latagão a enfiar-me as mãos pelas costelas abaixo da mama esquerda adentro, enquanto repete
Whether you're a brother or whether you're a mother,
Sou capaz de pensar, porra estou a patinar. É melhor fazer qualquer coisa. E começo então
Life goin' nowhere. Somebody help me.